28 de maio de 2010

Vende-se Lost

lostkate

27 de maio de 2010

Amor nos tempos da dengue #3

scream _________________________________________________________

Insanos praticam Rúgbi em Palmas

Palmas está longe de ser a capital do lazer ou esporte. Talvez porque a cidade é nova, talvez pela inércia dos investidores... No futebol, este ano convivemos com a dura realidade da final do estadual ter sido disputada entre os times de Gurupi e Araguaína, enquanto dois times da capital, entre eles o Palmas Futebol e Regatas, foram rebaixados à segunda divisão da competição. Fato é que existem grupos de pessoas que se organizam para tentar mudar isso por conta própria. Recentemente, um esporte bretão, que não é o futebol, tem movimentado os finais de semana chamando a atenção de quem freqüenta a Praia do Prata. Curioso, fui até lá para participar do treinamento junto ao grupo auto-intitulado como Insanos. Também pudera, treinar Rúgbi nas areias da praia junto ao calor típico das tardes palmenses, não é pra qualquer um.

Insanos Palmas Rugbi - Por Ciro

De cara, os Insanos chamam atenção pela seriedade e organização durante o treinamento. O grupo conta com três líderes que são considerados capitães: Daniel Canoli, Eduardo Fagundes e Fábio Gatto. São os três que mais entendem do esporte para passar as lições durante as quase duas horas de treino, que começa com um aquecimento, e depois divide o grupo entre os capitães para separar os “senhores” – como todos são tratados - que já treinaram antes dos que estão treinando pela primeira vez, como no meu caso. Grande parte do treinamento é para ensinar e fixar jogadas e situações que acontecem a todo o momento no Rúgbi.

O Rúgbi é um esporte que surgiu e evoluiu dos mesmos princípios do futebol, atualmente só perde para o próprio futebol em número de praticantes pelo mundo. Trata-se de um esporte coletivo de intenso contato físico em que só é permitido fazer o passe para o lado ou para trás em situação semelhante ao impedimento do futebol, e o seu principal objetivo é passar pelo time adversário e colocar a bola de formato oval sobre a linha de fundo adversária. É mais jogado com a mão pelo formato que impede que a bola role, mas é liberado o chute para frente, desde que o companheiro que for buscá-la parta da mesma linha ou de trás do jogador que chutou.

Tudo muito simples, se não fosse o adversário querer te derrubar sempre que você está com a bola nos braços. Nesse ponto são necessárias algumas lições de jogadas básicas do Rúgbi, como o Tackle e o Ruck. O Tackle (têikou) é o nome dado ao lance em que o adversário se joga para agarrar a cintura ou as pernas de quem está com a bola, e assim derrubá-lo. O Ruck (rãqui) é a jogada que dá seqüência ao Tackle caso o jogador com a bola não consiga fazer o passe. No Ruck, os jogadores deixam a bola no chão para disputar a posse na base do empurra-empurra.

Por ser um esporte agressivo, os capitães do Insanos ensinam como cair com segurança, impõem limites aos inexperientes para evitar jogadas perigosas e sugerem que os jogadores utilizem protetores bucais, além de retirar cordões, pulseiras e brincos antes do treino. Para que os menores de idade também participem, o grupo exige uma autorização assinada pelos pais ou responsáveis.

Daniel Canoli e Fábio Gatto se conheceram em fevereiro deste ano após o primeiro pesquisar por “rúgbi palmas” no orkut. Fábio já praticava o esporte quando morava em Maceió/AL, e ele disse que o objetivo do Insanos é formar um time competitivo até o fim do ano. Como começou no orkut, é através da comunidade “INSANOS - Palmas Rugby – TO” que são divulgadas as confirmações de treinos e demais informações. Já são mais de 70 membros na comunidade, e pouco mais de 20 pessoas tem treinado com freqüência, inclusive com a participação de mulheres, que também buscam formar um time próprio.

Para quem quiser participar, pode entrar em contato pela comunidade ou aparecer em qualquer um dos treinos fixos que são realizados sexta-feira às 18h30 na IF-TO (ETF) sábado e domingo às 16h na Praia do Prata. A programação de treinos está sujeita a alterações. Confirme na comunidade.

Rúgbi e o Apartheid

Recentemente foi exibido nos cinemas o filme Invictus, com Morgan Freeman no papel de Nelson Mandela. Como o Pablo já disse em sua resenha sobre o filme aqui no Matarte, a história conta um fato verídico e importante ocorrido na África do Sul entre 1994 e 1995, quando o então Presidente sul-africano Nelson Mandela enxergou o Rúgbi - esporte mais popular do país - como uma estratégia para aproximar negros e brancos na torcida pela seleção local, o Springboks, na Copa do Mundo de Rúgbi que ocorria no país. No contexto haviam se passado apenas três anos desde o fim do apartheid, e o preconceito ainda era latente quando brancos e negros comemoraram a mesma vitória: o Springboks sagrou-se campeão mundial na terra natal.

Volta como esporte olímpico no Rio 2016

São-Januário

A seis anos dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, o rúgbi está com a participação confirmada após várias décadas fora das olimpíadas, com as disputas marcadas para ocorrer no estádio de São Januário, do Club de Regatas Vasco da Gama.

É um grande momento para os praticantes do rúgbi em todo o país. O tempo é curto, mas neste período o Brasil pode formar uma equipe forte para a disputa dos jogos caso tenha bons investimentos da iniciativa privada e dos órgãos públicos responsáveis pelo setor esportivo. A Topper é a patrocinadora oficial do Rúgbi brasileiro e já tem veiculado duas propagandas bem-humoradas nos canais SporTV, em que afirma que o Rúgbi ainda vai ser grande no Brasil. E aí empresários palmenses, não conseguem vislumbrar a visibilidade que atletas tocantinenses podem trazer ao integrar a seleção brasileira de rúgbi nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016?

24 de maio de 2010

Rock, futebol e tudo mais

Sábado, 15 de maio, dia de futebol, não só futebol, mas a final do Tocantinense, algo muito importante, haja vista que ele só acontece uma vez por ano e requer de nós tocantinenses ou não, um carinho muito especial. No entanto os ávidos rockers estavam mesmo na expectativa do #II FMI – Festival de Música Independente, que ia começar às 20 horas, mas a tradição do atraso por aqui faz jus à máxima, e o evento começou lá pelas 22 horas, por conta dos ambulantes da Feirinha da Amizade, dos estudantes que estavam em conferência no espaço interno do Centro Cultural Mauro Cunha e, sobretudo por conta da reprise do final da novela de Manoel Carlos, afinal é muito excitante você acompanhar a história de personagens milionários, com os mesmos nomes, destaque para o sempre inesquecível médico, provavelmente o geriatra do autor, o Doutor Moreti.

De maneira que sem mais delongas de um lado da cidade mais de 3 mil pessoas envaidecidas no Rezendão, e o melhor de tudo, uma renda recorde de mais de 20 mil reais aos cofres do Gurupi Esporte Clube.  Gurupi fez 3 a 1, e não só jogou bonito, depois de mais de uma década o camaleão do sul, que na verdade não é camaleão, mas sim iguana, tomou banho de sal e quebrou essa zica, essa macumba, esse tabu. Ano que vem tem Campeonato Brasileiro série D, e o torneio mais democrático, a Copa do Brasil.

Depois de todo o futebol maravilhoso acompanhado pelas lentes da transmissão exclusiva da Rede Sat e pelas ondas sonoras da Rádio 104 sua rádio rock que virou mania foi uma coisa linda de se ver, outros preferem dizer alienante embora eu não acredite e fiquei arrepiada quando tirei do fundo da garganta o grito de ‘É CAMPEÃO!’.

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A missão de abrir o #II FMI e ser a única banda genuinamente made in Gurupi ficou por conta dos Piratas do caribe. Com cara nova, a banda continua simpática, apesar de que hard rock e heavy metal não estão no meu playlist senti a falta do espírito Axl Rose no último fest, o ‘Apocalypso’.  Atrasada, cheguei no final do show, que abriu o primeiro festival de rock em praça pública,  um fato marcante para a recente vida do rock gurupiense.

Depois de praticamente meia-hora gasta na passagem de som, a parauapebense Antcorpus esquentou um público bem vidaloka-fromhell-666 que levantou poeira, no melhor estilo Ivete Sangalo de ser. É coisa bonita de se ver e até que eu tentei filmar, mas não rolou uma filmagem massa. O Bob (batera da Meros-Berros) havia me apresentado a banda semanas antes do festival e confesso que não havia me animado muito, mas por puro preconceito antes do que qualquer outra coisa. Destaque para o vocalista que interage muito bem com o público, resultado é que a Antcorpus foi a melhor da noite, de fato o clímax do festival.

Com pés fincados na cena do Estado, Poetas do Caos é um tipo de banda que dá gosto de ouvir e analisar minuciosamente cada letra. Cláudio Macagi, vocal, se sentiu bem em casa, até porque sua madrinha (?) dá nome a Biblioteca Municipal, é amigo de Zacarias Martins (poeta, escritor e jornalista) e aparentado de outro escritor de mão cheia, o professor Robertão. A banda que um dia já foi ‘Oficina Geral’ diz não ter muitas pretensões filosóficas e é nesse ponto que eu discordo drasticamente deles. De modos que basta viajar no rock-blues-bossa e sei lá mais o quê que os caras de Paraíso fazem! E se alguém me pergunta? “Carimba Godoy?” eu digo: carimbadiiiissiiiimo, ou qualquer outro superlativo correspondente.

A Fragor, conterrânea da Antcorpus, veio de longe, do sudeste do Pará, nada mais que 900 km percorridos durante 13 horas para o esperado show, pelo menos eu esperava muito da banda, desde a primeira vez em que ouvi falar ‘Fragor’ no Agosto de Rock do ano passado.  Nos singles “Esfinge” e “De olhos fechados” a veia strokeana é muito latente nos parauapebenses. A Fragor foi a penúltima banda e nessa altura do campeonato, em que a maioria do simpático público da Feirinha da Amizade já tinha caído fora, e só os roqueiros de verdade estavam ali, meteram logo um cover para fazer dançar de “O Rock Acabou” da carioca Mop Top e posteriormente The Strokes e Volver. E eu cá com meus botões, onde está o Casablancas? Meu D’us aqui em Gurupi, Julian Casablancas! ‘Is This It’ mudou a minha vida e a sua? Na verdade Will Alencar (Vocal, Guitarra) tem um jeito todo Zéu Britto nova-iorquino de cantar. Com pouco mais de um ano na estrada, espero bem mais do quarteto indie-rock from Pará, e provavelmente vou me tornar fã, numa outra oportunidade quem sabe, talvez no Agosto deste ano ou por aqui mesmo.

Agora imagine comigo a conspiração pré-IIFMI, “olha aê a Clamor, a banda é cristã e quando eles começarem todo mundo junto vai dar dedo. Beleza! Combinado? Vamo lá, arrebentar!” E esse espírito cooperativo me deixa muito entusiasmada, afinal com tantos problemas existenciais que todos nós temos, é brilhante um comportamento desses, mais pseudo do que toda essa resenha, a união em tempos hodiernos é muito rara mesmo. Clamor chegou cedo para o festival, primeira banda de Araguaína que ouço tocar por aqui. Com um guitarrista novo, o pioneiro baterista e vocal da banda somado ao baixista, tocaram menos que quatro músicas do set list e o show acabou por conta de toda a confusão armada. Eu que não sou ateísta, não sou agnóstica, cristã, judaica ou muçulmana, rotulo, sem temer qualquer retaliação! Foi uma parada preconceituosa, de extrema patologia: acefalia.

Por mais que isso seja um comportamento isolado, afeta muito a cena embrionária e aborta todo o festival, que por sua vez só é realizado pelo afinco de pessoas que realmente amam o rock e tem a coragem de expor a cara a tapa e realizar um evento em praça pública, totalmente free.  O festival foi lindo no final de todos os percalços, entretanto deve ser o último realizado nestas condições.

Por fim, a  Super Noise seria a última banda a tocar e não tocou por uma série de problemas, dentre eles o principal foi por conta do equipamento de som que teria de ser entregue a meia-noite e quando a Clamor subiu ao  palco da Feirinha da Amizade os ponteiros já  indicavam quase 1 hora de domingo.

Foto por Cláudio Frascari

Escrito de Gurupi pela jornalista diplomada Lidiane Moreira

22 de maio de 2010

Preguiçosa #1

Conheça a nova coluna do Matarte

Antes de qualquer coisa, devo pedir desculpas a você nosso leitor pelo excesso de tempo em que por vezes ficamos sem publicar novos textos no Matarte. O pobre do Ciro acaba tendo de carregar a gente nas costas publicando cartuns e tirinhas em seqüência sem nenhum textículo para intercalar. Não que não valha a pena as ilustrações do nosso artista, mas a gente fica devendo nossas multifaces para vocês, deixando-os a mercê da influência dos veículos tradicionais de comunicação.

No entanto, como aqui todo mundo é de casa, é preciso que vocês entendam como os nossos dias tem sido encurtados em meio a horas desperdiçadas no transporte coletivo urbano, compromissos de faculdade (trabalhos, matérias e projetos), profissionais (criação de campanha publicitária de saída urgente) e no meu caso até uma mudança de casa há pouco mais de 10 dias.

A gente tem a preocupação de produzir conteúdo próprio para a satisfação de vocês e também de nós mesmos. Mas quem viu o texto sobre a aventura em Paraíso, tem noção de que aquilo não se escreve em alguns minutos, e por mais que a gente se esforce, infelizmente não é sempre que a gente pode dar prioridade àquilo que realmente gostamos. Ninguém aqui é criança, e todos conhecem essa dura realidade.

Todavia, para viabilizar mais publicações no Matarte, tivemos a idéia de criar uma coluna de comentários curtos que abordassem um assunto por parágrafo, geralmente factuais. Assim, a gente consegue transmitir nossas impressões sobre o que a gente considera relevante e que não poderia passar em branco. Mesmo assim, não vamos elevar essa coluna ao patamar que ela não merece, e para que vocês não sejam enganados como acontece por aí, batizamos esta seção com o autêntico nome de Preguiçosa.

 

Boddah Diciro lança novo site e videoclipe

Esta primeira edição da Preguiçosa começa circulando pelo dia 5 de maio, quando a banda palmense Boddah Diciro lançou o site oficial caprichosamente desenvolvido por eles mesmos. Apesar de toda banda hoje em dia ter universalizado o myspace como canal de referência na internet, nada substitui ter o seu próprio cantinho planejado e preparado como você quer dentro das suas necessidades. A principal novidade que presenteia quem visita o site é o videoclipe da música Strange, que em agosto do ano passado ganhou o prêmio de melhor videoclipe no Miragem, mas só agora foi disponibilizado na web com o lançamento do site. O roteiro é tão bem elaborado e entrelaçado com as imagens, que a meu ver, o clipe poderia ser qualificado como um curta-metragem, com trilha sonora, ações e texturas densas que se complementam em meio ao desespero claustrofóbico.

Matanza faz show do ano

No dia 7 de maio, aconteceu o show do ano: Matanza em Palmas deixando o Tendencies Music Bar minúsculo. Agora sim Palmas recebeu o show deles em condições ideais. Festivais são espetaculares, mas sinceramente, bandas consagradas como o Matanza deveriam sempre fazer shows assim, com no máximo duas bandas de abertura, embora os shows da Baba e do Mata-Burro não tenham sido lá muito influentes na noite. É notório que a banda carioca tem o show todo programado música a música, a cada diálogo, mas no show deles parece que todo mundo fica bobo enquanto o Jimmy fala, caminha ou gesticula no palco. Detalhe importante para uma banda que se mantém entre as melhores do país há pelo menos quatro anos com agenda cheia: nenhuma mísera latinha de cerveja, e uma fila de garrafas d’água para sobreviver ao show comprido que fervia com um clássico emendado atrás do outro passando por todos os discos. A ausência do letrista, guitarrista e ilustrador Donida quase não foi sentida, não que ele seja descartável, mas a banda é profissional mesmo. Voltem sempre.

Organização Jaime Câmara destaca-se em seu próprio Prêmio de Propaganda

Quarta-feira passada, minha chefa conseguiu um convite para que o estagiário querido pudesse participar pela primeira vez do Prêmio Jaime Câmara de Propaganda. Diante da fartura de bebidas, salgadinhos e frios, eu tinha a expectativa de que fosse algo que causasse interação entre os profissionais da área. Porém, os objetivos do evento se mostraram bem claros no decorrer da noite: após anunciar a novidade de que a partir da Copa do Mundo, os palmenses já terão TV digital, a Organização Jaime Câmara premiou somente anúncios veiculados nas mídias Jornal do Tocantins, TV Anhanguera e Rádio Araguaia FM, deixando a internet, por exemplo, de fora. A OJC premiou também o maior anunciante, que é a Secretaria de Comunicação do Tocantins. Ou seja, quem realmente merecia todos os prêmios de propaganda do Estado seria a própria OJC, que sabe direcionar tudo a seu favor e se impõe ainda mais no mercado com o referendo das agências. Por outro lado, agências como a AMP Propaganda e a Hágora mostraram em suas peças premiadas que Palmas tem potencial para a criação de materiais de nível nacional, e que se dependesse das agências, as apresentações de slides veiculadas na TV já estariam extintas. Mas por enquanto, o que manda é o orçamento limitado da maioria dos anunciantes.

Palmas Fashion Week pega o nome da cidade emprestado e não dá nada em troca

Semana passada aconteceu o Palmas Fashion Week na Praça dos Girassóis reaproveitando a mega-estrutura montada para o Salão do Livro. Tenho plena convicção que nenhum de nós do Matarte apareceu por lá, por falta de interesse mesmo. Com isso, o que mais me intrigou foi a polêmica de que a organização não convidou nenhuma modelo que integra o cast da única agência de Palmas. Como que um evento deste porte carrega o nome de Palmas e não convida uma modelo palmense? Se a desculpa era que o trabalho da agência local era duvidoso e o evento queria ser qualificado como profissional, sobrou amadorismo na hora de bancar como uma das principais atrações a ex-bbb que assumiu nunca ter desfilado, mas que tem adorado viajar pelo país. No blog do Vinícius Paulino, ele diz mais sobre o assunto e faz outras críticas sobre o evento.

Arnaldo Antunes testa o público palmense e se diverte

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Na última sexta-feira, aconteceu o esperado show do Arnaldo Antunes com o guitarrista Edgard Scandurra na UFT. Os dois estão juntos em três projetos distintos, e virou uma aposta descobrir qual seria a faceta artística que eles trariam a Palmas. O perfil de música infantil e o de música retrô já eram conhecidos através dos cds lançados em 2009. Há dois meses, em matéria na revista Rolling Stone, Arnaldo Antunes rejeitou o estigma de artista incompreendido e disse que sempre foi pop. No entanto, o seu viés menos convencional é que foi apresentado, e o que se viu no rosto e nos comentários da maioria dos presentes no estacionamento da UFT foi incompreensão geral de tudo que estava sendo feito no palco. Trajando um pijama manicomial, Arnaldo proferia palavras ao vento que se organizavam numa poesia concretista, enquanto Scandurra tratava de conduzir sua guitarra para um background de ruídos marcado pelas pisadas no bumbo. “Genial!”, disseram os mais encantados. “Porra Arnaldo, o que você tá fazendo?”, em tom de desespero foi o que mais ouvi. De qualquer forma, nós palmenses temos um recado pra dar: Tom Zé, estamos prontos, pode vim!

Prefeitura de Palmas vende presente de aniversário

São Paulo e Rio de Janeiro bombaram esse ano com suas respectivas Viradas Culturais. Segundo o blog da Karina Francis, em São Paulo foram mais de 1 mil atrações espalhadas em vários pontos da cidade e o orçamento desta edição foi recorde com R$ 8 milhões. A título de comparação, o Salão do Livro com toda a sua relevância cultural e pedagógica teve R$ 8,6 milhões de orçamento segundo artigos publicado no blog almanarquica. São eventos distintos e com intenções diferentes, mas essa comparação serve como base para imaginar em qual deles o dinheiro foi mais bem aplicado. Pesquise na internet qual foi a programação dos dois eventos e depois diga aqui pra gente na caixa de comentários qual a sua conclusão. Enquanto isso, a Prefeitura de Palmas comemora os 21 anos da cidade com um criativo bolo gigante, e ofereceu na programação cultural um evento a céu aberto no Parque Cesamar com algumas poucas bandas locais, que acabou não rolando por causa da chuva; e incluiu o presentaço Marco Luque com seu show de humor que tivera seus ingressos cobrados no valor de R$ 80 a inteira. Obrigado Prefeitura de Palmas por todo o lazer proporcionado!

Ícones do hardcore comemoram aniversário me mandando email

cover Pois é, a banda norte-americana Bad Religion recentemente havia divulgado que para comemorar os 30 anos de atividades, eles haviam gravado um disco ao vivo que seria disponibilizado para download, mas só para quem se cadastrasse em uma mailing deles. Nem lembrava mais disto quando esta semana reparei o email enviado pela banda em minha caixa de entrada. Baixei, ouvi, curti e aprovei! É ao vivo, mas em qualidade excelente com todos os instrumentos audíveis. Conseguem passar a ambientação de como deve ser o show, e ainda vem com o hit American Jesus entre as 16 faixas! O link para baixar o disco é esse: http://badreligion.bandcamp.com/yum . E este é o código que eles me passaram para o download: 7ulb-wepw

Apesar do nome, esta primeira edição da Preguiçosa até que ficou grandinha, mas são só assuntos acumulados. Enfim, disparem as críticas aí embaixo. Estamos em fase de testes.

Foto do Arnaldo Antunes por Luiz Otávio

20 de maio de 2010

COMO CRESCEU RÁPIDO ESSE GAROTO

teAmoPalmas

Piadas recorrentes dessa panela de pressão destampada:

- Palmas! Entenderam? Palmas. hehehehehe! (recém-chegado na cidade)

- Palmas pra mim e Palmas pra vocês! o-Bri-ga-duuuu! (Show de Aniversário)

- Palmas bate Palmas para você (Demagogos da prefeitura)

- Palmas: aqui sou mais feliz (Slogan)

- Palmas para Palmas!

Coisas que não entendo:

- Título de cidadão palmense

- Chave da cidade

- Por que causa, motivo, razão ou circunstância a ordem, na hora de comemorar aniversário de cidade, sempre se é ser criativo? Bolo gigante de aniversário.

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P.S.: NÃO TENHO VERGONHA DE FAZER PIADA RUIM. DEU PRA PERCEBER.

MUITO OBRIGADO. VIU, MOÇO?!

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19 de maio de 2010

Sem Título-1

17 de maio de 2010

Domingo no Paraíso

Com uma semana de antecedência descobri na UFT-Palmas através de um panfleto (de má qualidade por sinal) que teria show gratuito do Oficina G3 no domingo seguinte (01/05) em Paraíso do Tocantins, cidade a cerca de 60 km da capital.

Quando quero uma coisa sou rápido na hora de listar motivos a mim mesmo para persistir e conseguir. O principal deles é que embora Palmas não seja lá muito merecedora do status de capital, ambiente de interior a cidade também não tem, e eu sinto falta de me relacionar com pessoas que tenham aquela prosa mais descompromissada, menos pautada pela grande mídia. Ver um lugar onde as crianças brincam nas ruas também, não só nos computadores. Um lugar onde ir a sorveteria é um programa realmente especial.

Outro motivo era ver pela primeira vez um show do Oficina G3, que eu nunca tinha dado atenção por conta do preconceito com o rock cristão, até começar a trabalhar na agência em que estou atualmente, e meu amigo Ivan Paes obrigar a todos do departamento de criação a ouvir qualquer ritmo com sobrenome gospel. Meu instinto de sobrevivência fez com que eu desenvolvesse senso crítico para isso também, e tive de atestar a qualidade do álbum “Depois da Guerra”, lançado pelo Oficina em 2008. Som pesado que remete ao thrash metal do Metallica mesmo com vocais limpos. Chama muita atenção o baterista, e o super guitarrista Juninho Afram, considerado um dos melhores do Brasil independente do estilo. Se todos esses motivos não fossem suficientes, só o fato de fugir do desagradável calor palmense era argumento de sobra, né? Afinal lá é serra.

Empolgação garantida para que eu não desistisse da idéia, faltava contagiar outras pessoas que eu gostaria de levar comigo. Convidei a Paula (razão de viver) e os parceiros de blog para essa aventura em Paraíso do Tocantins. Além destes, divulguei o show na comunidade do Tendencies Rock para que outros não perdessem o evento por falta de informação, e intimei o abençoado Ivan Paes. A semana correu, e na hora de ir mesmo, só minha eterna companheira foi junto. Após uma hora de ônibus por apenas 8 reais, chegamos na rodoviária às 16h30, e com duas opções de estadia: a casa da família da Paula, ou a casa do amigo, parceiro de rock e faculdade Fernando - The Big Dog!

Da rodoviária já aproveitei uma das grandes vantagens de se estar numa cidade do interior: ir a pé a qualquer canto. A primeira parada foi na visita aos parentes da Paula. Algum tempo depois sentimos que a gente estava em um clima fora de sintonia com o ambiente da casa e o ritmo das pessoas. Liguei pro Fernando, que estava no meio do ensaio com sua banda, Poetas do Caos, e nos chamou para chegar ao Museu Cora Coralina, que funciona como o Centro de Criatividade do Espaço Cultural de Palmas. Em tempo, vimos as três últimas músicas do ensaio, e descobrimos os pequenos erros que durante os shows passam despercebidos, mas que causam repetições no ensaio.

Com eles, a gente tava em casa. Em Palmas seriam Fernando, Cláudio, Alexandre e Ênio. Na tradição de quem cresce junto em cidade do interior, são reconhecidos por outros nomes de batismos secundários: Cachorrão, Macagi (sobrenome que virou nome), Gago e Formiga. A galera que trabalha pela cultura de Paraíso, remunerados ou não, através do ponto de cultura Oficina Geral.

Nesse período da tarde já estava na fissura por GLICOSE (que merda de escritor pseudo-beatnik que eu sou? Qualquer um teria feito questão de colocar em negrito e caixa alta que estava na fissura por qualquer substância um pouquinho menos saudável). Como não podia deixar de ser, o pessoal levou a gente pra dar uma passadinha na lanchonete/sorveteria do Paulinho. Enquanto na tv o Santo André pressionava o Santos por 3x2 na final do Paulistão, a Paula e eu curtíamos os deliciosos milk shakes de chocolate e baunilha, respectivamente, por R$ 2,50 cada.

Satisfeitos, o Macagi nos convidou para visitar a casa em que mora com sua mãe, localizada no pé da serra. O Fernando disse que era “um pouco perto” dali e que poderíamos ir a pé, mas dotado de mais experiência e bom senso, Macagi chamou um táxi que nos deixou na porta da casa dele por apenas R$ 6, sem taxímetro. Se era mesmo “pouco perto”, nem discuto, mas fato é que no fim do trajeto tinha uma desafiadora ladeira muito íngreme e cumprida. Estrelinha na testa do Macagi!

Éramos cinco nesse momento: Paula e eu, Macagi e a namorada Vanessa, e o Fernando. Na esquina, uma placa artesanal indica a sede da Oficina Geral, que funciona na casa do Macagi e oferece lan-house, biblioteca e oficinas de música, artesanato e poesia. A casa do cara é fantástica! Realmente fica no pé da serra, rua sem asfalto, poucas casas próximas e mata nativa por todos os lados e todo tipo de pássaro nas árvores. O quintal fica na parte da frente da casa, e só é cimentado o caminho a ser percorrido que parece um circuito com pequenos ambientes onde podem ser feitas rodas de conversa e/ou violão, ou até mesmo para momentos mais introspectivos onde a gente se imagina lendo e refletindo sobre qualquer coisa com uma paz absurdamente desconectada do mundo que se explode lá fora.

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Todos os bancos espalhados por esses ambientes são feitos artesanalmente pelo próprio Cláudio. (Agora que eu conheço a casa do cara, já tenho intimidade para chamar pelo próprio nome). O que mais chama a atenção é uma casinha também feita pelo Cláudio com madeira doada pelo Naturatins. Semelhante ao sonho de todo garoto - uma casa na árvore - serve como refúgio, e por dentro é cheio de livros, quadrinhos, discos, cds, fitas k7, uma máquina de escrever e até um livro de matemática com o menino Ferrugem na capa. A Paula perguntou se as pessoas podem pegar os livros emprestados como nas bibliotecas. O Cláudio respondeu que sim mediante um cadastro, mas que a maioria das pessoas vai para ler por lá mesmo.

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Claro, com um ambiente aconchegante daquele! Sem contar que por fora ainda tem uma escada que dá acesso ao teto da casinha como se fosse um terraço. É ver para crer!

Imagem0174O cara vive quase no meio do mato e não tem animais? Tem sim. O único cachorro é o Amarelo, que veio já adulto para a casa do Cláudio, e diz através do couro cheio de cicatrizes o quanto de apuros já teve de passar nesse mundo cão. Há pelo menos uns cinco gatos oficiais da casa, sendo dois adultos e três filhotes da Tsu, abreviação de Tsunami, que foi justificado após a gata nos acompanhar em todo o trajeto na subida da escadaria da serra que dá acesso a uma capela. Lá em cima, o Cláudio me contava com empolgação quais eram seus planos para aquele lugar, enquanto eu lamentava internamente que os cargos de gestão pública, pelo menos no Tocantins (prefiro imaginar que em outros lugares não é assim), não são ocupados por quem tem as melhores idéias e intenções para pôr em prática.

Papo vai, papo vem, anoiteceu e a fome começou a coçar a barriga quando o Cláudio nos ofereceu um jantar. Ficamos na dúvida porque tínhamos combinado de dormir na casa do Fernando, e eu não sabia se a mãe dele tinha se preparado para nos receber, se iríamos causar algum incômodo, sei lá... e o Fernando dizia sem nenhuma segurança que achava que a mãe dele tinha preparado algo para nós. Na dúvida, a gente preferiu recusar o convite do Cláudio e poupá-lo de cozinhar para nós, e pegamos um táxi para conhecer a casa e a família do Fernando.

De volta ao centro de Paraíso, após dois anos e meio estudando com o cara, finalmente conheci a família dele. Não vou lembrar todos os nomes agora, até porque sempre chamarei de pai do Fernando, mãe do Fernando, irmã do Fernando, e as crianças sobrinha do Fernando (Maria Clara eu lembrei!) e o sobrinho do Fernando. No fundo da casa, um quintal enorme com animais assim como na casa do Cláudio: galinhas, gatos e patos. E o melhor de tudo: uma mesa linda com comida caseira caprichada. Caseira aqui está empregada no sentido de temperos de sabores fortes. Feijão com coentro, purê de batatas com gostinho de manteiga, carne assada no forno com sal no ponto que eu gosto, além de tomate picadinho com repolho e abacaxi e melancia de acompanhamento final. Comi até ficar com aquela tristeza de satisfação. Ahhh vontade de voltar no tempo e aproveitar mais. E pensar que o Fernando quase fez a gente dispensar o que a mãe dele tinha preparado para gente.

Após a refeição, enquanto via o Fernando revivendo seu passado de basqueteiro brincando com a sobrinha de quatro ou cinco anos, praticamente exigi que a mãe dele cumprisse o papel de mãe e nos mostrasse aquele álbum dele de fotos na infância com cabelo jogadinho pro lado ou para trás, camisa por dentro do shorte e a bochecha chamando mais atenção que tudo. Que graça teria se eu conhecesse a mãe dele e não visse aqueles olhos brilhando de recordações que vinham de antes mesmo do menino pegar a fama de cachorrão na escola? Aliás, apesar da minha insistência, ainda não há explicações sobre o apelido. Suspeito que tenha origem semelhante a Bauducco.

Tomamos banho, assistimos ao Pânico na TV pela tv à cabo, programa que eu não via há muito tempo. No quarto dele, muitos pôsteres de seus ídolos na guitarra estavam ali na parede, certamente para inspirar seus melhores sonhos.

Ah, ainda tinha o show do Oficina G3, o tal motivo para que eu estivesse na cidade. O ex-companheiro do Fernando no programa de rádio Confraria do Rock, Erivélton, passou lá para nos acompanhar até o local do show, no caminho nos somamos a namorada do cachorrão, Darlene.

Chegando à Praça da Saudade, que tem esse nome porque fica de frente ao cemitério, já acontecia o show playback do cantor gospel Mattos Nascimento em uma estrutura de palco bacana. Eu só tinha a informação pelo Cláudio, de que o cara tinha participado do Paralamas do Sucesso na época do disco “Selvagem”, e que atualmente era um vendedor de cds. A princípio desconfiei do que ele quis dizer com o termo, até o momento em que durante o show vi o pilantra dizer exatamente com estas palavras: “Pessoal, para quem gosta destas músicas que trazem a palavra do Senhor, tem uma banquinha aí no meio com os meus cds sendo vendidos. Compre o cd original. Quem compra cd pirata, Jesus não abençoa. Eu já estive sem condições de comprar cd original, e sabe o que eu fiz? Orei e pedi a Deus que me desse condições de comprar cd original.”

A pilantragem não parou por aí. O show foi bancado pelo Ministério do Turismo, ou seja, dinheiro do contribuinte. No entanto não pertencia a nenhum evento específico e nem comemorava data sequer. Ninguém sabia direito o porque estava acontecendo aquele show. Mas era só observar as faixas espalhadas pelo local com os dizeres: “o Deputado Vicentinho apóia a música”. Ah sim, era um showmício. Tudo bem Mattos Nascimento, a gente entende você improvisar uma rima com Vicentinho nas suas músicas sopradas pelo Espírito Santo (não o geográfico, o religioso). Esse tem carreira artística promissora em todo o interior do país.

Na outra ponta da praça, o bar estava movimentado também, e foi lá que confraternizamos com os outros Poetas do Caos até dar a hora do Oficina G3 e o som das guitarras pesadas espantar mais da metade do público presente. Começaram o show direto pela música “Meus Próprios Meios”, que é a música que mais me empolga deles. Todo o show seguiu essa linha pesada, exceto no momento em que eles tocaram a radiofônica “Te Escolhi”. A banda causou excelente impressão sobre a qualidade profissional deles tanto musicalmente quanto aos momentos pensados que ocorrem durante o show. Até mesmo a pregação do Juninho Afram, que era um momento temido por mim, surpreendeu pela honestidade do discurso, sem forçar a barra. Eles são cientes que apesar de serem uma banda cristã, o show não é voltado só para esse tipo de público. Não fui convertido, mas em nenhum momento me senti incomodado como quando ouço discursos hipócritas. Grande banda!

Voltamos para dormir na casa do Fernando, e no dia seguinte viver mais uma aventura: acordar cedo para ir até a saída da cidade e conseguir carona para nós três até a UFT/Palmas e chegar a tempo na aula de volta a rotina. No meio disso, uma situação curiosa: vários Uno passavam por nós e nos ignoravam carona. Até uma veterana do curso de jornalismo nos ignorou. Outro veterano que também veio pegar carona uns dez metros antes da gente conseguiu em menos de um minuto que chegara ao ponto, enquanto já estávamos há quase 30 minutos esperando. Quando tudo parecia piorar, um carro executivo tipo um Tucson ou algo semelhante apareceu, e eu comentei: “só de raiva a gente vai conseguir carona nesse carro aí!” Deu certo! Esticados em bancos de couro no ar-condicionado a 140 km/h, nem sentíamos nada além de sono enquanto nosso caronista ultrapassava todas as caronas dispensadas e nem fazia questão de puxar qualquer assunto com nenhum de nós.

Fotos por Paula Serreal

Stalin faz Stalin diz

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9 de maio de 2010

Coisa de mãe

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Mãe não é pai

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5 de maio de 2010

Dois recadinhos

@ Matarte na mídia reloaded


Está no ar desde segunda-feira a entrevista que nós demos para a jornalista Cecília Santos, editora do caderno de Cultura do Jornal O Estado, que escreveu uma matéria a respeito dos blogs em atividade no Tocantins e do uso da internet para o desenvolvimento de um jornalismo cultural independente.

Na entrevista, nós falamos um pouco a respeito do Matarte, da nossa visão sobre o jornalismo a ser praticado na era da web 2.0, sobre a realidade cultural do Tocantins e várias outras coisas.

Nela, também foram entrevistadas a jornalista Karina Francis, editora do Rockazine e do blog Panorama, e a Juliana Almeida, do blog A Cultura da Macaúba, que falaram sobre o trabalho que elas desenvolvem. Caso você ainda não tenha visto, a matéria está disponível neste link, na página 13.

@ Prêmio Top Blog 2010


Outra coisa. Como vocês já devem ter notado, nós colocamos ali do lado um banner para a seleção do Prêmio Top Blog 2010, um concurso que ocorre já há alguns anos e procura premiar os melhores blogs da internet. A votação para a primeira fase, que vai selecionar os 100 melhores blogs de cada categoria, começa amanhã e vai até o dia 6 de setembro.

Nós nos inscrevemos na categoria “Variedades” e, apesar de termos poucas chances, não poderíamos deixar de participar, uma vez que o grande prêmio da coisa toda é uma BAITA DUMA MOTONETA!!! Caramba, como eu quero esse treco! Você consegue imaginar a gente chegando de motoneta na Praia da Graciosa com as nossas pranchas de surf para pegar umas ondas? Consegue? Hein? Hein? Mal posso esperar.

Por isso, nós precisamos que você, fiel leitor, nos ajude a ganhar essa parada. Vote lá.

3 de maio de 2010

Pseudo-resenha: O Senhor das Moscas, de Peter Brook

(Eu havia começado a escrever essa resenha logo depois de ter assistido ao filme, na semana retrasada, mas acabei deixando ela inacabada. Hoje, porém, eu passei por uma situação tão maluca que tive que terminar a dita cuja de qualquer modo.)

Um fato bastante conhecido sobre o ser humano é que ele é um ser político, social. Não consegue viver fora do seio da sociedade, de seus compadres. Se lhe falta o elemento social, ele rapidamente retorna ao seu estado primal e animalesco e, mais rápido do que você possa dizer “Pindamonhangaba”, ele está lá, desenhando pequenos bisões com giz de cera na parede da cozinha.

On the other hand, o ser humano também não é lá muito melhor na vida em sociedade, pois, como se sabe, cada um de nós mantém dentro de si um pequeno visigodo com espuma no canto da boca, pronto para saltar para fora a qualquer momento e distribuir perdigotos e croques entre as pessoas que estão no seu raio de alcance.

É sobre esse aspecto mais negro da natureza humana e sobre a nossa incrível falta de jeito para a civilização em tempos de crise (às vezes, nem é preciso tanto) de que fala o filme ao qual assisti recentemente: O Senhor das Moscas, de Peter Brook. Adaptação do romance homônimo de William Golding, ele conta a história de um grupo de garotos ingleses que fica preso em uma ilha deserta após o avião que os transportava cair no mar durante uma tempestade. Ali, eles acabam por dar vazão ao que tem de melhor e pior dentro de si no que é um microcosmo do universo de lutas pelo poder o qual presenciamos todo santo dia.

O Porquinho e Ralph: a democracia e a razão em meio à loucura

No início, acompanhamos os passos de dois garotos: um maior chamado Ralph e outro menor cujo nome não sabemos, mas que é chamado a contragosto de Piggie (ou Porquinho mesmo). Após recobrarem a consciência, eles vão até a praia e encontram uma concha que usam como corneta para reunir todos os outros. Todos juntos, eles realizam uma pequena assembléia na qual se apresentam e definem as tarefas que cada deve desempenhar para se manterem vivos até o resgate chegar.

Durante a reunião, dois garotos se sobressaem sobre os outros por serem os mais velhos do grupo: Ralph e Jack. Após uma votação, Ralph é eleito chefe, ficando a seu cargo comandar todos os outros e ajudar na construção dos abrigos, enquanto Jack e seus companheiros do coral tornam-se responsáveis por caçar e manter acesa uma fogueira para que eles possam ser avistados, caso alguém passe por perto da ilha.

Porém, durante uma de suas caçadas, o grupo de Jack acidentalmente deixa que o fogo se apague, justamente no momento em que um avião passa pela ilha. Assim tem início os conflitos entre os personagens: irritado pelas acusações do Porquinho, Jack lhe dá um tapa na cara e quebra os seus óculos. Após esse incidente, uma nova reunião é marcada e Ralph volta a lembrar a todos que o objetivo principal é o resgate, mas aqui a civilidade outrora valorizada por todos começa a dar lugar a uma anarquia indisciplinada, que mais tarde é substituída por um governo autoritário comandado por Jack.

Outro assunto em pauta durante essa reunião é a existência ou não de um monstro na ilha. Alguns afirmam tê-lo visto, outros dizem se tratar de um fantasma. Por fim, os garotos fazem uma votação na qual decidem acreditar que há mesmo um monstro na ilha, apesar das advertências do Porquinho, que deixa bem claro que não acredita em nada daquilo. Nessa cena, se sobressai outro personagem, chamado Simon, que faz uma observação eloqüente sobre a situação, mas que é posta de lado por todos: “Talvez exista mesmo um monstro. O que eu quero dizer é que talvez ele seja nós mesmos”.

Simon e a oferenda ao monstro. Talvez ele esteja dentro de nós mesmos.

Em O Senhor das Moscas, cada personagem caracteriza uma face da natureza humana: enquanto Ralph, Simon e o Porquinho representam democracia e a racionalidade, Jack e seus amigos representam o autoritarismo, a sede de poder, a loucura e a irracionalidade da alma humana.

Aos poucos, todos os garotos vão perdendo os seus traços de civilidade e de educação anteriores. Com a certeza de um monstro a solta, eles entram em histeria coletiva e Jack e seu grupo decidem procurá-lo e caçá-lo no único lugar não-explorado da ilha: o topo da montanha. Chegando lá, eles avistam alguma coisa por entre as sombras, mas o medo fala mais alto e eles saem correndo do local.

Junto do grupo, Jack passa a questionar mais uma vez a utilidade e a autoridade de Ralph dentro do sistema de governo por eles instaurado e clama a todos para que o monstro seja caçado e destruído. Ralph, por sua vez, mantém sua posição de líder e diz aos outros que eles sozinhos não tem chance contra o monstro e que o melhor é que eles fiquem escondidos. Irritado por nunca ter suas vontades feitas, Jack se desmembra do grupo e convida os outros a formarem uma nova tribo para que eles possam “caçar, festejar e se divertir”.

Intrigado pela situação, Simon vai até o pico do monte disposto a encontrar a verdade. Lá, descobre que o que os outros acreditavam ser um “monstro” é na verdade o corpo do piloto do avião há muito esquecido. Revelado o mistério, ele desce até onde Jack e os outros estão dando uma festa para avisá-los, mas ao chegar por entre as árvores é confundido com o monstro e morto a sangue frio pelos outros. É a vitória da histeria e da loucura sobre a racionalidade.

O grupo de Jack e a celebração da violência

Por falar nela, outro personagem que a representa bem no filme é Piggie, o Porquinho. Apesar de sua aparência débil e ser constantemente ridicularizado pelos outros por ser gordo e usar óculos (mesmo que seus óculos sejam a única maneira de eles conseguirem fazer fogo), ele em nenhum momento defende a barbárie à qual a maior parte dos outros garotos se entrega de bom grado. Pelo contrário: durante todo o filme ele advoga a razão, mas nunca é ouvido.

Como não poderia deixar de ser, esse desprezo todo acaba assumindo um final trágico: quando ele e Ralph vão até o grupo de Jack recuperar os óculos que haviam sido roubados na noite anterior, ocorre uma violenta discussão. Zombado por todos, o Porquinho pergunta: “O que é melhor ser? Um bando de selvagens pintados como vocês ou gente sensata como Ralph?” A resposta vem logo em seguida, quando um dos garotos do grupo de Jack lança uma enorme pedra do alto do penhasco e esmaga o Porquinho. Outro ponto para a barbárie.

Por fim, o filme culmina na caça que Jack e seus amigos empreendem contra Ralph, que se tornou uma presença intolerável para o restante do pessoal. Eles o perseguem por toda a floresta enquanto cantam a música de suas caçadas aos porcos do mato ("Matem o porco! Cortem sua garganta! Matem o porco! Esmaguem ele!”) e acabam causando um incêndio. Encurralado, Ralph rasteja desesperadamente até a praia, onde finalmente se depara com a figura de um comandante de navio, que o olha para toda aquela situação de forma incrédula.

É o reencontro com a razão.

ATUALIZAÇÃO: O Bauducco me disse que seria melhor se eu avisasse aos leitores quanto aos spoilers que o texto pode conter. Pois bem: Esse texto tem spoilers. Cuidado.

2 de maio de 2010

Conto os dias e as histórias

Meu pai sempre me ensinou tudo. Tudo o que ele sabia. Tudo o que sabia que sabia. Todavia, até mesmo o que não sabia também me era explicado – com a maior cara-de-pau.

calebejardineiro

Eu, pentelho epistemiológico, sempre tinha uma perguntinha pronta pra ser proferida. Minhas dúvidas sempre penetravam no solo fértil que era a necessidade pedagógica inata de meu pai. E assim viviamos naqueles dias de minha infância.

Incerto dia, saindo do banheiro de mais uma rodoviária, perguntei para aquele homem que eu achava o mais alto de todos os gigantes da cidade, o papai:

– Pai, porque lavamos as mãos antes de sair do banheiro?

– Ora, meu filho. Para ficarmos limpos. Para o que mais se lava as coisas? – respondeu o meu gigante.

– Isso eu sei! – falei isso dando soquinhos na testa.

– Então para que a pergunta? – aparentemente ríspida, essa segunda pergunta de meu pai àquele pobre anão que tentava conhecer um mundo pelo modo mais simples e mais completo: conversando.

Mal sabia eu, pobre anão, que nem ele – com todos aqueles fios grisalhos que naquela época brotavam de seu vasto topete –, nem ninguém, iria conhecer por inteiro esse ambiente externo que há seis anos me tinha sido apresentado sem aquela espessa barreira uterina.

Bem, com meu pai nenhuma palavra soava ríspida. Ríspida também foi uma palavra que ele me ensinou. Mas essa é para uma outra história. E então continuei:

– Pai, é assim: nós lavamos a mão porque pegamos em algo sujo. Confere?!

– Confere – concordava ao mesmo tempo que as suas narinas inflavam para sorrir.

– Logo – adorava introduzir minhas elucubrações com essa partícula cartesiana – o que é sujo é o meu pintinho. Certo?

– Sim.

– Então! Num seria melhor se lavássemos a mão também quando entramos no banheiro.

– Tá – meu pai estava gradativamente diminuindo o número de letras ao tentar falar.

– Mais uma dúvida. Por quê meu pintinho é sujo?

– É…

O ônibus chegava. Eu ainda duvidava se alguma resposta me seria dada por qualquer um daqueles passageiros na longa estrada que eu, pequeno, só agora iniciava.