29 de abril de 2010

Congratulando

27 de abril de 2010

Simples como um Blog

Desenhei isso durante a leitura de Educação dos Sentidos e mais.., do mestre [sotaque carioca, por favor] Rubem Alves.



A vida e o viver - se é que se pode distinguir tais conceitos - podem ser fenômenos tão simplórios em sua complexidade. Tal qual uma revista da Abril.

Na obra, Rubem Alves se referia a uma cena do filme Aconteceu em Tóquio onde:

"Duas velhinhas se visitavam. Por horas ficavam juntas,sem dizer uma única palavra. Nada diziam porque no seu silêncio morava um mundo. Faziam silêncio não por não terem nada a dizer, mas porque o que tinham a dizer não cabia em palavras."

O autor arremata ditando, como sua aura de professor me remete:

" A filosofia ocidental é obcecada pela questão do Ser. A filosofia oriental, pela questão do Vazio, do Nada. É no vazio da jarra que se colocam flores."



Retiro isso da obra. Só? Sim, só e somente; por hora.

Esse livro é para se degustar. Uma singela e terna experiência pelos nossos sentidos, nossos brinquedos de fruir. Desfrutar, ser feliz.

Simples assim.
Como um quadro pintado com canetinha hidrocor.

Texto remasterizado de (Configurar o cabeçalho)

25 de abril de 2010

Foucault de vez!

Michelfoucault
É, Foucalt.

23 de abril de 2010

Como você lê?

22 de abril de 2010

praqmescreveassim, óqiprati

 

21 de abril de 2010

Matarte indica #2

Atendendo a pedidos, aqui está a segunda edição do Matarte Indica, aquela seção que a gente só põe no ar quando o Engov não ajudou muito.

Daniel Bauducco

Indico o blog de três jornalistas de diferentes regiões do país que vieram a Palmas exclusivamente para cobrir o 7° Tendencies Rock Festival.

Eduardo, O Inimigo do Rei, de Goiânia (GO).

Mary Camata, de Ji-Paraná, (RO).

Fábio Gomes, de Porto Alegre (RS). Mesmo morando no sul, o cara teve a fantástica ideia de manter um blog com informações somente sobre a música produzida na região norte. Inclusive, a nossa Boddah Diciro foi destaque por lá no mês passado, e alguns projetos da jornalista e amiga Karina Francis foram comentados.

Ciro Aguiar

Mário Quintana

É melhor que TV a cabo... E não é pago!

Bazinga!

Ode ao bigode, JOSÉ SARNEY

Pablo P.

Perfil do YouTube com várias das músicas tocadas em Glee, um seriado de MACHO! Visitem enquanto ainda está no ar.

Tumblr para quem gosta de LOLZ

Bom portal sobre Literatura

Precisa dizer alguma coisa? FFFFOUND!

Matarte 2.0

É pessoal, o Daniel me encheu tanto o saco que tive de adaptar o antigo layout para o novo código utilizado pelo Blogger (O que eu posso fazer? Não suporto ver um homem crescido chorar). Apesar do tempo e da paciência consumidos, eu devo dizer que agora estou mais satisfeito com a coisa toda (o outro tinha uma infinidade de gambiarras, não sei se vocês notaram).

Com isso, o Matarte agora vai poder dispor de uma série de firulagens às quais ele não tinha acesso até ontem, como o painel de seguidores, uma nuvem de tags decente, dois RSS diferentes (um dos posts e outro dos comentários) e até aquelas carpas ridículas que os visitantes podem alimentar enquanto lêem as nossas bobagens (Faço questão de deixar as mulambas de castigo ali na barra lateral por alguns dias. Enjoy!).

Ainda faltam alguns ajustes aqui e acolá, mas por enquanto é isso. Caso você tenha alguma sugestão que nos ajude a melhorar este espaço virtual, não hesite em ficar calado. Hoje é feriado.

20 de abril de 2010

Grande Dicionário Ilustrado Matarte

bullying

Bullying

(inglês Bullying)

palavra que a língua portuguesa  - e a mentalidade colona - não permitem tradução adequada.

1. Desculpa nº 1 dos psicólogos e pedagogos para seus filhos cagões;

2. Termo usado para definir quem bate e quem apanha na escola;

    Se o menino apanhar de uma menina vide maricas;

3. Luta de classes ou séries;

    Ato hostil e dominador dos fortões da escola (detentores do poder) em relação aos fracotes (detentores das melhores notas e tarefas-de-casa devidamente respondidas) vide O Pequeno Príncipe Marxista;

4. Fortões que são excluídos por excluírem os outros (por trás de músculos torneados também bate um coração).

15 de abril de 2010

7º Tendencies Rock Festival: Entrevista com Mukeka di Rato e Os Pedrero (ES)

O festival começa nesta quinta, e na programação aparecem bandas de fora do Tocantins com destaque certo como Dado Villa-Lobos, Raimundos e Blaze Bailey. Outras são apostas por serem novas bandas que estão despontando em suas cidades de origem, como o Girlie Hell em Goiânia. No entanto, há um terceiro grupo: o de bandas consagradas e tidas como clássicas, mas restritas ao cenário o qual pertence, caso específico do grupo capixaba de hardcore, Mukeka di Rato.

Fã declarado da banda, aproveitei a oportunidade para entrevistar o menudo capixaba Fábio Mozine, baixista da banda e dono de selo underground em pleno século XXI, que ainda tem tempo para escrever livro e tocar com outras duas bandas que possuem nomes de causar inveja a qualquer um: Os Pedrero e Conjunto Merda de Música Rock.

Estão contextualizados agora? Não importa, vamos para a entrevista. Lá, sempre tem alguma resposta.

mukeka baixa

Matarte: O  Mukeka di Rato está com 15 anos de atividades, e é hoje uma das bandas de hardcore mais importantes do país. No entanto, o Mukeka se diferencia principalmente pelo cinismo nonsense das letras, que além do riso ainda provocam boas reflexões. Como é a sensação de ter uma banda underground em um mundo globalizado onde um moleque há milhares de quilômetros pode ser um grande fã sem que vocês sequer tenham consciência disso?

Mozine: Pois é velho, o mukeka tem esse aspecto mesmo muito doido. E imaginar que até hoje em dia, depois de vários anos tocando, ainda somos uma banda ruim pra cacete, muitas vezes fazendo shows drunk as fuck no palco, e depois entramos no estúdio e gravamos um puta cd bem produzido, e um dia tocamos num festival pra 3 mil pessoas, no outro dia num estúdio pra 150 pessoas, etc. Talvez pelo fato de hoje em dia todos nós estarmos com outros empregos fixos e a banda ser um hobby, isso tem ajudado. Nos sentimos bem livres pra tocar pelado ou de terno, e isso é legal, faz o mukeka di rato ser o mukeka di rato, não temos rabo preso com TV, gravadora nem ninguém.

Matarte: O Mukeka é uma banda old school, da época do k7, já fez turnê e lançou disco no Japão e acaba de lançar no Brasil um compacto em vinil com os conterrâneos do Dead Fish. Você quase morreu em uma turnê européia. Como você acha que uma banda pode sobreviver na música hoje em dia, quando a todo momento surge a melhor banda de todos os tempos?

Mozine: O mukeka é uma banda doida. Parece que certas coisas só acontecem com a gente mesmo e é sempre uma historia bizarra e pitoresca pra contar. Eu sinceramente não sei como uma banda pode sobreviver de música hoje sem estar envolvido com movimentos políticos pra bancarem essa banda e empurrarem guela abaixo dos outros e tocarem em shows que essas organizações políticas organizam. Essa é uma forma. A outra forma é dando o cu pro sistema, que pode ser uma boa forma caso você sinta prazer em fazer isso, afinal ninguém é obrigado a tocar som ruim. A outra forma é você conciliar vários trabalhos alternativos como selo, estúdio, produção. Essa é a única forma que eu vejo para estar envolvido 100% com música ou algo assim, e conseguir sobreviver sem trabalhar de terno num outro lugar.

Matarte: Comente um pouco sobre o que significou cada disco do Mukeka pra você na história da banda.

Mozine: Caralho...hehehe Vamos la né:

Pasqualin na Terra do Chupa Cabra (1997): primeiro disco, eu acho bem tosco, ouvir hoje em dia me incomoda, mas muita gente gosta né? Dizem que é clássico e realmente tem bons hardcores de moleque ali, muitas músicas estão no nosso set list e acho que nunca sairão.

Gaiola (1999): considerado um clássico do hc mesmo, apesar deu ter medo dessas considerações. Eu gosto muito do disco. Óbvio que vendo hoje em dia, vejo várias coisas que não faria ali. Mas acho que mandamos muito bem na época. Também cheio de musicas no set list.

Acabar com Você (2001): era difícil fazer um disco depois do Gaiola, depois de toda repercussão ainda mais com troca de vocalista. Mas eu acho que mandamos bem, pois o disco tem muita personalidade, e é um dos que eu mais gosto também. Ele é mais as fuck, saiu daquela fase meio madre Tereza de Calcutá que tem o Gaiola.

Maquina de Fazer (2004): a banda estava numa fase podre, cheio de tretas, o disco é ruim, se você ler a letra de maquina de fazer, tá escrito ali: eu não quero tocar mais nessa banda. Mas eu gosto. Comecei a escutar esse disco anos depois, tem musicas muito pesadas e rápidas.

Split com vivisick e hero dishonest: duas bandas interessantes e discos que saíram por duas gravadoras muito importantes pro mukeka, 625 thrash e sound pollution. Também tem musicas cativas nos set lists.

Carne (2007): grande disco. Acho que é um gaiola revisitado. Calou a boca de muita gente que pensou que íamos abrir as pernas por estar numa gravadora grande. Daqui a 10 anos pode me incomodar igual os discos velhos me incomodam hoje, mas atualmente é um disco que eu ainda consigo colocar pra ouvir. hehehe



Matarte: Quais as próximas metas do Mukeka e Os Pedrero?

Mozine: Pedrero: lançar um EP em vinil 7” chamado PIN UP GORDINHA. O ep já esta pronto, só falta gravar. Até a capa já esta pronta. E continuar tocando em alguns shows que formos convidados. Apenas isso.

Mukeka: lançar o novo cd que vai se chamar “Atletas de Fristo”, prensar o Gaiola em 12” vinil branco pra tour européia que vai rolar em agosto (confirmado praticamente) e continuar tocando no Brasil. Tenho idéia de fazer o carne em LP 12” também.

Matarte: Tanto o Mukeka quanto Os Pedrero tiveram seus últimos álbuns gravados no estúdio Tambor com produção do Rafael Ramos, que já tem experiência com Móveis e Matanza e é um dos donos da Deckdisc/Polysom. Como rolou essa parceria? Ela continua para os próximos lançamentos?

Mozine: Sim, ainda temos contrato assinado com a deck e temos bom relacionamento com eles. Já estamos tentando marcar a gravação do próximo disco. O Rafa sempre se disse fã do mukeka e quando soube que o Sandro voltaria ao vocal resolveu nos contratar, mais por uma realização pessoal do que pra tentar vender ou ter lucro (eu acho). Acredito que muito em breve estaremos entrando em estúdio pra gravar o novo, e gostamos de trabalhar com o Rafa, provável que ele seja o produtor novamente.



Matarte: Aparentemente, a Laja Rekords aposta na comunicação e interação com os fãs. Além da parceria com jornalistas importantes no cenário underground nacional como o Ricardo Tibiu, ainda tem os games online do Merda, do Motoqueiro Doido, e o jogo de tabuleiro no encarte do split com o DFC. Isso é importante para você?

Mozine: Sim, acho legal falar com a galera, não gosto de ser impessoal. Se tenho um selo, e sou eu que organizo esse selo, porque não responder um email de forma pessoal e tratar as outras pessoas pelo nome delas? Tenho clientes a mais de 10 anos, que continuam comprando coisas comigo e sustentando meu selo. Essas pessoas acabam virando meus amigos que depois vou ficar conversando sobre cachaça, futebol e mulé.

Matarte: A cena roqueira do Espírito Santo é conhecida no resto do Brasil principalmente por causa do Dead Fish e do Mukeka di Rato. Que outras bandas estão na ativa atualmente e você indicaria para que a gente conhecesse?

Mozine: Vou citar algumas, e vocês escolham a que mais agrada:

Puritan: hc sxe tipo Confronto, banda séria.

Lordose pra leão: banda de rock que mistura um pouco de hardcore também, bem antiga, lembra titãs da fase boa.

Undertow – banda das antigas também, o batera dos pedrero também toca bateria nessa banda. Rock n roll com um pouco de punk rock

Gustavo Macaco – cantor doido. Varias melodias bonitas e bons shows, completamente diferente do hc, mas valeria a pena dar uma conferida com outros olhos

Zemaria – grande banda de musica eletrônica, vive na Europa, estão antenados

Trepax – estão sendo lançados pela gravadora dos caras do zemaria, musica eletrônica tbm, com instrumentos, etc

Fe Paschoal – Gosto pra caralho! Moleque novo que faz umas composições meio sambinha, meio rock n roll, meio experimental.

Matarte: Há anos o Porkão cria a expectativa da vinda do Mukeka di Rato para o Tendencies. Como vocês estão se preparando para finalmente vir pela primeira vez a Palmas e ainda trazer Os Pedrero na bagagem?

Mozine: Sempre gosto de tocar em locais aonde nunca toquei. Então posso te dizer que estamos felizes em fazer essa viagem, mas o show será basicamente o mesmo show do mukeka di rato, não haverá muitas diferenças não. Mas isso não quer dizer que será ruim hehehehe. Gostaria de conhecer algo na cidade também, pelo fato de tocar nos dois dias, pode ser que eu tenha tempo pra fazer algo, tomara!

Matarte: Aqui em Palmas, o público ainda não tem muito costume de comprar merchan das bandas. Como você trabalha com isso, aqui fica o espaço para que você faça a promoção dos lançamentos da Laja Rekords, tanto cds quanto livros e documentário.

Mozine: A gente vai levar tudo pra vender e costumamos praticar preços bem baixos nos shows (pela net) também. Mas esse lance de comprar vai de cada um, óbvio que eu queria vender 100 mil dólares ai no show, hehehehe mas caso venda 10 conto, tá bom, dá pra comprar 3 cervejas garrafa, caso o Porkão não coloque um bom estoque pra gente no camarim.

14 de abril de 2010

Matarte na mídia


Tá ali, ó, no “Dica on-line”

Nós avisamos para vocês, não avisamos? Mas não quiseram nos escutar, nos chamaram de lunáticos, e agora é tarde demais. Muito em breve, tudo o que vocês conheciam vai se alterar radicalmente e o útero da mamãe não vai mais parecer um lugar tão ruim assim, no fim das contas.

Esse pequeno intróito (!) é só para avisar que o Matarte foi citado na última coluna de cultura - a Curta Aqui! - que a guitarrista da Boddah Diciro, Samia Cayres, mantém na revista “Em Tempo”. Com isso, o Matarte dá o pontapé inicial nos seus planos de dominação mundial através dos meios de comunicação. Eu compraria um bunker e um estoque de comida, se fosse você.

Na edição, a número 23, também tem uma matéria de duas páginas sobre o 7° Tendencies Rock Festival, além de uma sobre o último show do Capital Inicial e notas sobre cinema e outros eventos.

E lembrem-se: We are of peace. Always.

7º Tendencies Rock Festival: Entrevista com The Moxine (SP)

A música não separa, soma.”



Quando o Daniel me avisou que faria uma série de entrevistas especiais para o Matarte com as bandas que vão tocar no 7° Tendencies Rock Festival, me ofereci para entrevistar o Moxine. Tenho tentado emplacar um texto meu neste blog desde que a ideia ainda estava no papel e vi na matéria a oportunidade perfeita.

Minha afinidade com o Moxine é meio óbvia pra todo mundo que me conhece. Gosto de rock, electro rock e de gente que gosta de experimentar, o que torna a banda com o perfil do tipo que eu curto ouvir.

Encabeçado pela multimusical Mônica Agena, o Moxine é o reflexo da diversidade de influências da cantora. Ela, que é a atual guitarrista do Natiruts, banda de reggae conhecida da galera, tem um currículo extenso no universo artístico. Mônica já tocou em um grupo de covers de black music e disco, já deu aulas, já teve um projeto instrumental e agora flerta com rock, na primeira vez que canta e toca guitarra ao mesmo tempo.

Formado ainda por Hagape Cakau (baixo), Caju (bateria) e com o mais novo integrante Gianni Dias (guitarra e teclado) o grupo faz aquele som que você pode até não curtir, mas não consegue ficar parado quando ouve. Você balança a cabeça, o pezinho ou o corpo inteiro, se for o meu caso. Porque pode apostar, de alguma forma o Moxine vai te fazer dançar. Mesmo que seja você um metaleiro headbanger extremista. É um daqueles sons que é impossível ouvir e ficar parado ao mesmo tempo.

Recém-chegados de uma viagem ao South by Southwest, considerado hoje um dos maiores e mais importantes festivais de música independente do mundo, os paulistanos desembarcam para uma apresentação única na noite de quinta-feira, 15, no Tendencies.

Escalados para tocarem no mesmo dia que o Dado Villa Lobos, o Moxine é para mim, a atração mais esperada.

E por esta entrevista que fiz com Mônica, a multimusical vocalista da banda, rola ainda mais vontade de ver ao vivo. Afinal quem consegue misturar no IPOD, Karina Buhr, Cidadão Instigado, Carpenter e JUSTIN TIMBERLAKE merece todo meu respeito e admiração!

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Como foi que você descobriu o Tendencies Rock Festival? O contato para tocar no festival partiu de você ou do próprio Porkão?

Descobrimos o festival ano passado através da Associação Brasileira de Festivais Independentes - ABRAFIN, pesquisamos na internet sobre o Tendencies e gostamos. Mandamos nosso material e entramos na edição desse ano.

Você mora em São Paulo, para você, qual a visão que as bandas do independente do sudeste tem da cena rock da região Norte? Há um intercâmbio de informações equilibrado?

Já fui algumas vezes para Manaus e Belém, conheci algumas bandas e músicos e trocamos algumas informações sobre lugares legais para tocar na região Norte e Sudeste. Em toda cidade existe um espaço para todas as tribos, no caso de São Paulo, existem muitos espaços para todas as tribos. Então se uma banda de rock de Manaus vem pra São Paulo, ela pode se organizar e fazer em 20 dias, na mesma cidade uns quatro, cinco shows. Nós da região sudeste, dependemos um pouco dos grandes festivais para ir pra Belém, Palmas, Goiânia… É assim que eu sinto.

Acho que as ações internacionais são tão importantes quanto as nacionais. Nossa experiência em Austin foi incrível, eu nunca vi tanta oferta de show e tanto espaço pra música ao vivo como eu vi no SxSW. Participar desse festival gera uma ansiedade muito grande, porque é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, em média 700 shows por dia, você mais perde show do que assiste e a maioria das grandes gravadoras e agentes do mundo estão lá, naquele momento a procura de novos artistas. Depois de tanto investimento, você quer aproveitar tudo aquilo ao máximo. Você deve ir preparado, sabendo como aproveitar as oportunidades que o SxSW oferece, caso contrário, tudo pode passar desapercebido, você vai para lá, toca, ganha a experiência e pronto. Um festival nacional menor que o SxSW, muitas vezes, potencializa e divulga muito mais a participação das bandas, tudo bem que estamos falando de projeções diferentes, um é internacional e outro nacional, mas as duas ações são importantes e se completam.

Quais as bandas/artistas, brasileiras e gringas, que vocês estão escutando ultimamente? E quais nunca deixam de ouvir?

Brasileiras: Comma, Milocovik, Sinamantes, Karina Buhr, Cidadão Instigado, Alan Delon é uma banda muito charmosa, costumo acompanhar os projetos do André Abujamra.

Gringas: These New Puritans - Janelle Monae Tightrope - Peter, Bjorn and John, adoro The Kills, adoro Britney Spears e Justin Timberlake. Nunca deixo de ouvir Appetite for Destruction, Beatles, Raul Seixas, Carpenters, Chico Buarque e David Bowie.

O Moxine tem hoje um EP e dois videoclipes. Há um plano para lançar um disco? Se sim, em qual formato?

Temos dois vídeos clipes, ‘I wanna talk about you’ e o outro da faixa que da nome ao EP, ‘Electric Kiss’ dirigido por Marina Quintanilha. Temos vontade de gravar um full album e lançar no segundo semestre desse ano. Formato digital com certeza, físico… não sabemos.



O EP do Moxine está disponível para download gratuito, a ideia é que a banda tem uma postura pró em relação à troca de arquivos. Se o grupo lançar um disco, há a possibilidade de ele ser colocado para download livre? Qual a posição do Moxine em relação ao acesso gratuito a música?

Não sou contra a nenhuma estratégia, download gratuito, download pago, tudo é justo. Nesse momento facilitamos ao máximo para que a nossa música chegue as pessoas que gostam do nosso som, no final do ano passado, fizemos uma distribuição gratuita do produto físico, enviamos EPs de presente para as primeiras 100 pessoas que nos pediram. Mas tudo isso é um investimento, você gasta para gravar, prensar, divulgar e distribuir, eu entendo as bandas que não disponibilizam suas músicas para download gratuito. Também não sei até quando o Moxine poderá fazer isso, chega uma hora em que o artista precisa ter algum retorno financeiro para produzir, e nada mais justo que vender sua música na internet ou onde quer que seja. Por enquanto, nos divertimos distribuindo gratuitamente! E gostamos muito quando alguém pede um EP ou faz o download!

A banda hoje tem três integrantes, você, Hagape Cakau e o Caju, como vocês se encontraram? Como foi essa aproximação?

Eu e Hagape tocamos juntas desde 1998, temos muita afinidade pessoal e musical, já tínhamos visto o Caju tocar em outras bandas, quando pensamos em montar o Moxine, sabíamos que o estilo dele iria casar perfeitamente com o nosso. Hoje tem mais uma pessoa com a gente, o Gianni Dias, está tocando guitarra e teclado.

Qual o papel de cada um no grupo? Qual a contribuição musical de cada membro?

As músicas ‘nascem’ de diversas maneiras, às vezes a Hagape mostra uma linha de baixo, às vezes o Caju mostra uma levada de bateria, na maioria das vezes eu levo uma idéia de voz e violão, o Caju e a Hagape desconstroem tudo e transformam em outra coisa. Por eu ter uma estrada como guitarrista, tenho muitas idéias que partem de riffs de guitarra.

Li em uma entrevista sua que você começou a tocar porque viu um amigo tocando Raul Seixas e de lá pra cá nunca mais se afastou deste universo. Qual é sua relação hoje com a música, qual o espaço que ela ocupa na sua vida?

Eu trabalho e me divirto com a música, essa é a minha relação com ela.

Você é uma artista com referências musicais muito diversificadas. Para perceber isto, basta acompanhar sua trajetória musical e os projetos que você se envolve. Como é compor com tantas influências assim? É difícil achar um foco? Ou pra você isso só enriquece o processo de criação?

Não penso em estilos quando componho, e me sinto privilegiada por ter tido a oportunidade de me enveredar em diversos estilos musicais e aprender peculiaridades do reggae, da música instrumental, MPB, etc. A música não separa, soma.

Como jornalista musical, rotulando por cima, diria que o som feito pelo Moxine é um electropop muito dançante. Mas como você, sem rotular, descreveria o som da banda?

Adorei isso ‘electropop dançante’ eu diria isso mesmo!

Vocês conseguiram tocar no SXSW. Estão agora tocando pela primeira vez em um festival na região Norte do País, quais são as pretensões futuras da banda?

Gravar muito, se conectar com as pessoas que gostam da nossa música e por fim, poder levar nosso show pra essas pessoas!

the-moxine-3

Cecília Santos é jornalista diplomada, editora de cultura do jornal O Estado, roqueira desde que nasceu e fã incondicional do Matarte.



Escrito ao som de Moxine

12 de abril de 2010

M.A.R.T.A.

Miúda, preta, manca, gorda, feia. M., pobre diabo. Desgraçada ser, não foi. Sorriso encostado à porta dum Banco.



11 de abril de 2010

Matarte no Salão #5: O “descobrimento” do Miniconto

Muita gente já cansou desse papo de Salão do Livro, mas dentro do que eu pude presenciar, seria injusto encerrar a série Matarte no Salão sem publicar algo para compartilhar com vocês sobre aquela que foi a grande novidade desta edição pra mim: o formato literário de minicontos.

No mesmo dia e horário em que muita gente se candidatou a uma vaga no auditório central para ver a palestra de Ariano Suassuna, eu me programei antecipadamente para assistir no espaço jovem a palestra do gaúcho Marcelo Spalding sobre Literatura Digital, que principalmente pelo tesão que tenho de escrever para este blog, passou a ser um tema de grande interesse da minha parte. Afinal não quero escrever sobre as notícias do último minuto aqui. Quero apenas aprender cada vez mais a escrever textos que possam ser lidos hoje ou daqui a uma semana, um mês, um ano, que ainda serão interessantes.

Com 20 anos de idade, eu era um dos mais velhos dentro do local. Isso me surpreendeu, mas acostumado a escrever para o público juvenil, Marcelo Spalding prontamente direcionou o discurso da palestra para a geração que lê no máximo, Crepúsculo. Apesar de ter de filtrar boa parte do conteúdo da palestra, ele ainda conseguiu prender a atenção interagindo diretamente com a plateia. Até que da metade pro final, não teve jeito, nem que soltassem uns 30 Nardoni teria como impedir a molecada que GRITAVA e corria para todos os lados.

Com muito esforço, fiquei até o fim da palestra, e fui conversar com o escritor na tentativa de absorver um pouco mais do conteúdo que ele mesmo admitiu que não pôde passar nem metade do que estava previsto. Em uma breve conversa, ele me deu o seu livro de minicontos. Basicamente, este foi um momento fundamental daqueles em que as luzes são direcionadas para quem está recebendo um prêmio em cima do palco diante de muitas pessoas, ou até mesmo quando brilham os olhos de alguém que assiste televisão pela primeira vez após vários anos de vida. Assim me senti ao ser apresentado ao formato.

A experiência de ler minicontos é vital para quem quer manter o hábito da leitura, mas não consegue se concentrar em longos textos por conta da vida corrida entre trabalho, estudos, namoro e excesso de informações pela internet. Esse estilo de contar alguma história ainda é pouco discutido, todavia ele tem algumas pré-definições que podem ajudar a identificá-lo: são textos curtos que embora não seja regra, geralmente variam de uma frase até no máximo 100 palavras; possui narrativa com começo, meio e fim assim como um conto qualquer, no entanto costumam ser textos riquíssimos nas entrelinhas, que o levam a ser chamados também de poema em prosa ao conduzir e provocar reflexões no leitor pela subjetividade, fazendo com que o texto deixe de ser “mini” na cabeça do leitor.

Ainda que possua uma estética moderna e ideal para os dias atuais, os minicontos não são tão recentes quanto se pensa, e já consagrou o escritor hondurenho Augusto Monterroso nos anos 60 como o principal escritor do estilo, e tem Ernest Hemingway como o autor de um dos minicontos mais famosos: “Vende-se: sapatos de bebê, sem uso”. No Brasil, Dalton Trevisan é considerado o pioneiro do estilo com o livro “Ah, é?”, publicado em 1994. Em 2004 foi lançado o livro “Os cem menores contos do século”, contendo textos breves escritos por 100 autores como Moacir Sclyar, Millôr Fernandes e o mesmo Dalton Trevisan, convidados especialmente para a publicação.

Se tivesse de indicar a leitura de minicontos para públicos específicos, recomendaria para quem gosta de poesia, ou de histórias bem contadas, ou de ler no ônibus, ou de ler pouco, ou de ler tirinhas, ou de twitter, ou até mesmo de mensagens publicitárias. Esqueci de alguém?

Para começar (e encerrar este texto), recomendo Marcelo Spalding, que recomenda Leonardo Brasiliense e Ana Mello.

“Helena é virgem desde que o pai sumiu de casa.”

Marcelo Spalding

“O atendente da farmácia viu que eu entrei meio sem graça. Sorriu, malicioso. Eram dez da noite, e eu não tinha cara de doente. Ele até olhou para a porta, como procurando mais alguém. Quando cheguei perto da gôndola das camisinhas, o bobalhão desviou o olhar de mim, disfarçando muito mal. Fingiu que arrumava uns folders em cima do balcão, mas sempre com o sorrisinho idiota, que só parou, só se fechou quando pus na frente o pacote de fraldas.”

Leonardo Brasiliense

Suicidou-se. Não quis esperar um fim que já era certo desde que nasceu.”

Ana Mello

Marcelo Spalding é um jovem escritor de apenas 27 anos, mas que recebeu seu primeiro prêmio com 11 anos de idade através do concurso Jornalista Por Um Dia, do jornal Zero Hora. Jornalista diplomado em 2005, é autor de 5 livros nas categorias juvenil e adulto. Atualmente é vice-presidente da Associação Gaúcha de Escritores.

Trechos do conteúdo deste texto foi garimpado da dissertação de mestrado de Spalding disponível aqui.

Papers

paper

Entre um papel de leitor e outro de “higiênico”, uma estória.

2 de abril de 2010

Matarte no Salão #4 e 1/2: Sim, você pode entrevistar o Tadeu Schmidt!

A palestra do Tadeu Schmidt era a mais aguardada por mim desde que fiquei sabendo das primeiras atrações divulgadas do 6° Salão do Livro do Tocantins. Os motivos são óbvios já que sou fã de esportes e humor, e curso jornalismo.

Porém a palestra estava prevista para 16h30 em plena segunda-feira, horário do meu estágio. Então tive de me inspirar no tema da palestra, “Sim, você pode!”, e pela manhã faltei a minha aula favorita neste semestre, jornalismo online (perdoa aí Liana, vai?), e fui ao estágio para ficar com a tarde livre. Sacrifício é assim mesmo.

A minha missão na palestra era repetir o feito de 2008, quando entrevistei junto de alguns colegas de curso, o outro apresentador do Fantástico, Zeca Camargo, no hotel, longe de toda aquela movimentação daquilo que andaram chamando de “circo do livro”. Agora, eu tinha o instrumento facilitador chamado credencial, portanto foi só a palestra se aproximar do fim que eu já fui correndo para a área reservada onde eu poderia abordar o Tadeu Schmidt.

Como esperei no pé da escada para o palco, fui o primeiro a abordá-lo e já propus uma conversa mais tarde no hotel quando ele estivesse descansado, porque queria um bate-papo solto sobre alguns temas e com a participação dos parceiros de blog. Achei que estava garantido, mas fui surpreendido pela justificativa dele de não estar autorizado pela Cegecom (Globo) para esse tipo de conversa, no máximo umas três perguntas ali mesmo e pronto.

Meu planejamento foi pras cucuias. Mesmo assim, assisti toda a tietagem das repórteres dos veículos tidos como mais sérios, e esperei meu momento novamente para insistir na proposta apelando para a comoção por ser um estudante de comunicação, como ele também já foi um dia. Deu certo em partes: não rolou de deixar para mais tarde no hotel porque ele disse que não podia realmente, mas consegui deixar acertada uma rápida conversa para o momento em que ele seguisse para a sala vip.

Após observar a distribuição de uns 20 minutos de autógrafos e fotografias com sorrisos plastificados, ainda teve um momento bacana quando uma menina cega entrou dizendo que o Tadeu era muito bonito e foi retribuída com um abraço sincero. Pouco depois, a fila para autógrafos não cessava, e ele viu a conversa comigo como uma válvula de escape para aquela situação. Bom pra mim, bom pra ele.

A Izabela Martins (Bel) precisava de fazer algumas perguntas a ele para publicar uma matéria em O Jornal. Deixei ela na frente, mas gravei a entrevista dela também. Chegada a minha vez, a minha namorada, Paula, entrou em ação como fotógrafa enquanto eu fazia as perguntas de acordo com os meus interesses sem nenhuma sugestão de perguntas anotadas previamente. O resultado segue abaixo na transcrição da entrevista:

bola cheia

Matarte - Na verdade, o que eu tinha proposto para você era fazer uma conversa mesmo, no hotel, quando você já estivesse descansado, mas enfim... Quero saber sobre qual é a referência do humor na sua vida. Se é uma coisa que veio de casa ou se você buscou isso nos quadrinhos, em cartuns.

Tadeu - Eu lia gibi quando era moleque, lia X-Men, Homem Aranha...

Matarte - Tem algum favorito entre DC e Marvel?

Tadeu - Se eu tivesse que dizer um, diria X-Men! Eu lia Turma da Mônica também. Gostava e achava engraçado pra caramba. Sobre a questão do humor, lá em casa todo mundo sempre foi bobo. Eu achei que quando virasse adulto, iria ficar sério. Aí eu vi meu irmão, que é 16 anos mais velho que eu e é um bobão, crianção tanto quanto eu quando era pequeno, quanto continuo sendo. Nós somos muito bobos. A gente gosta de dar risadas. Quando a gente se junta pra conversar é falando bobagem do começo ao fim, dando risadas, fazendo piada, um zoando da cara do outro. Então, isso é característica nossa mesmo. A gente gosta muito de dar risadas, gosta de se divertir. Na verdade, o que eu faço na televisão não é piada, não é uma coisa de um comediante que tá tentando arrancar a risada de uma pessoa. É uma coisa de amigos que estão vendo uma coisa e um tá comentando com o outro. É mais ou menos isso. Comentando com bom humor. É coloquial e com bom humor.

Matarte - Recentemente o Glauco morreu... quero saber se você acompanhava algum destes cartunistas que tiveram importância na época da ditadura.

Tadeu - Ah, tinha o Casseta Popular, Planeta Diário, Pasquim.. O Brasil tem tantos nomes brilhantes nessa área. Lembro que quando eu era moleque, eu lia livros do Ziraldo. Maravilhoso! O traço do Ziraldo é tão espetacular! É uma coisa tão bacana. Eu acho muito legal você contar uma história ali, de repente, numa tirinha tão pequena, fazer começo, meio e fim naquele espaço. É tão interessante. É uma coisa que eu gostaria de fazer, mas eu não tenho o menor talento para desenhar. Mas o desafio de contar aquela história interessante num espaço tão pequenininho eu acho muito interessante.

Matarte - Eu também não sei desenhar, mas na semana passada, eu tive a idéia de uma tirinha com o roteiro direitinho. Aí eu fiz um rascunho, fiz as falas e passei para um amigo meu que sabe desenhar. Ele transformou numa tirinha e a gente postou no nosso blog.

Tadeu - Show de bola!

Matarte - Outra coisa que eu queria saber... Poxa, agora...

Tadeu - Esqueceu!

Matarte - É...

Tadeu - Acontece comigo sempre.

Matarte - Vamos falar sobre outra coisa... quero saber sobre música. O que você gosta de ouvir?

Tadeu - Eu gosto de tudo cara. Não tenho essa de “ah, gosto de tal música ou de tal música...” Eu ouço da música clássica ao pagode. Adoro, por exemplo, samba. Adoro! Se eu tivesse que escolher um estilo preferido, escolheria o rock and roll. Mas escuto de tudo. Adoro música. Toco violão. Gosto de cantar. Gostaria muito de ter um aparelho privilegiado para poder cantar. Eu sei cantar, mas tem um limite que eu desafino. Mas gosto de tocar violão, de cantar e gostaria muito de ter uma voz que eu cantasse e arrebatasse todo mundo.

Matarte - E no rock and roll, quais são os seus artistas favoritos? Mais antigos?

Tadeu - É, Beatles, sem dúvida. Como todo o mundo, os Beatles estariam em primeiro lugar. Aqui no Brasil... inclusive acabei de ler a biografia do Renato Russo. Eu era muito fã de Legião Urbana. Gosto muito de Legião Urbana. Acompanhei muito. Tava naquele show histórico que deu aquela confusão no Mané Garrincha. Tava lá no meio, tinha 14 anos, era pequeninho. Sempre gostei muito. No rock brasileiro, destacaria o Legião Urbana.

Matarte - Sobre twitter. Muitos colegas seu já usam o twitter.

Tadeu - Eu tenho twitter também, mas eu sou péssimo, sou muito devagar. Entrei lá, postei duas, três vezes. Mas... Depois eu voltei pra campanha “Tadeu Schmidt: #PiorTwitterdoBrasil”. Eu não quero ficar toda hora falando com as pessoas, não quero expor a minha vida, os meus pensamentos... Não achei a “coisa” ainda. Seria legal eu seguir veículos de comunicação, mas isso eu já sigo de outras formas. Então, o meu twitter é péssimo. Ele tá lá porque eu abri uma vez, mas brevemente ele será extinto porque eu tô fazendo meu site. Aí tudo será encaminhado para o meu site, onde fãs que querem fazer contato... Vai ser tudo no meu site, onde orkut, twitter e todas as coisas vão convergir para o meu site.

Matarte - Por enquanto, qual é o seu twitter?

Tadeu - É @TADEUSCHMIDT!

Matarte - Tá tudo certo pra você cobrir a Copa?

Tadeu - Tudo certo! Vou pra lá no dia 2 de junho.

Matarte - Parabéns!

Tadeu - Valeu velho!

Matarte - Obrigadão!

amém!

Disponibilizei o áudio da entrevista para download neste link.

Vale a pena ouvir, principalmente pelo final, quando todos ao redor comemoram o fato de eu ter conseguido entrevistá-lo. Obrigado pessoal, de coração.

Caso tenha interesse em ouvir a entrevista da Izabela Martins para O Jornal, dá pra baixar aqui.

Os textos sobre a palestra e a entrevista com Tadeu Schmidt são dedicados ao professor de vida, Elson Santos Silva Carvalho, ou cordialmente conhecido como Kiko, que muito antes já havia me convencido de que eu posso.

Matarte no Salão #4: Tadeu Schmidt e a inspiração para os “sem futuro”

Palestras costumam ser frustrantes pelo excesso de expectativas criadas. Os palestrantes profissionais, acostumados a viajar pelo país em função desta atividade, insistem em apresentar fórmulas matemáticas que deveriam nos fazer chegar ao sucesso, independente de qual seja o nosso objetivo. Neste caso, parece que eles mesmos só usam essas fórmulas para vender palestras e livros, deixando que somente nós tentemos a sorte na prática.

Tem também aqueles que querem compartilhar uma experiência vivida pelo próprio, e que se torna desinteressante quando você já conhece a história divulgada através da mídia, ou decepciona quando você percebe que não se identifica tanto assim com a pessoa que você admirava.

No dia 22 de março, o 6° Salão do Livro do Tocantins recebeu o jornalista e apresentador Tadeu Schmidt, o cara do Fantástico que mudou a forma de contar a história de um jogo de futebol. Ele é unânime em sua simpatia na TV, e o contato direto com o público em suas palestras poderia arriscar a boa imagem que maioria tem dele e o colocar em um dos grupos citados. O nome de sua palestra é a frase mais disseminada pelo mundo no distante ano de 2009: “Sim, você pode”. Título que explicitava uma palestra motivacional. Porém, clichê não é uma palavra que combina com Tadeu Schmidt.

Ele não é desses palestrantes profissionais, portanto seu “amadorismo” favoreceu a espontaneidade e desfez frases de efeito. Sua verdade desnuda foi o fator principal para ser uma palestra que realmente motiva para o futuro, principalmente no caso de jovens que tem decretado o título de sem futuro por não se enquadrarem em determinados padrões estéticos.

Promessas da Globo4

A trajetória do potiguar Tadeu Schmidt começa com a adolescência em Brasília e a pressão interna por ser irmão do Oscar, o melhor jogador brasileiro de basquete de todos os tempos, e o maior cestinha da história do basquete mundial. Além desse irmão talentoso no esporte, o segundo irmão estudou muito para passar no concurso da Marinha para ser prático (manobrista de navio) e ganhar um dos melhores salários do país. Enquanto isso, Tadeu tentava a vida no vôlei, e chegou a fazer parte da seleção brasileira infanto-juvenil com 17 anos, ao lado de Nalbert.

Quando ele achava que seguiria carreira no esporte, veio o corte da seleção como a maior a decepção da vida dele e as incertezas quanto ao futuro. Ele teria de fazer faculdade, mas não tinha a menor aptidão por nenhum curso. Pensou em Publicidade, Jornalismo, Direito e até Economia. Envergonhado, ele admitiu ter escolhido o curso de jornalismo por ser aquele que mais tinha mulheres bonitas (naquela época, né?).

A faculdade lhe trouxe novos obstáculos. Tadeu Schmidt confessou que até então ele não tinha o costume de ler livros, jornal era só quando saía alguma matéria sobre o irmão mais velho. Ele sabia que estava anos-luz atrás de outros colegas, e só restava a ele correr atrás do prejuízo.

Este foi o momento decisivo da vida dele, quando teve de colocar em prática, aquilo que ele hoje analisando o passado percebe ter sido a trinca de qualidades que o fez alcançar a atual posição na carreira como apresentador do Fantástico: dedicação, criatividade e coragem.

Primeiro veio a dedicação para conseguir gostar de ler. O primeiro livro que ele tentou foi o Príncipe, não o pequeno, mas o maquiavélico. Leu, não entendeu, e o releu até entender o que era dito. Assim seguiu lendo livros clássicos, mas de leitura difícil, como Goethe, e adquiriu o costume de ler livros por toda a vida.

Em um segundo momento veio o desenvolvimento de uma linguagem própria na produção de suas matérias quando ainda trabalhava em um veículo de comunicação em Brasília. Durante a palestra, Tadeu citou a frase “Tudo o que tinha para ser inventado, já foi inventado”. Bate um desânimo profundo ao ler ou ouvir essa “máxima”, mas ele revela que o autor desta frase proferiu esta maldição em meados da década de 90, só que do século retrasado. O cara não sabia nem que inventariam um aparelho televisor. Ou seja, a gente sempre pensa que não dá pra se criar nada mais porque realmente é difícil, dói a cabeça e tudo mais, e é por isso que criatividade é uma qualidade tão estimada em qualquer situação.

A coragem se destaca nos momentos em que ele teve de tomar decisões na sua vida pessoal e profissional, além de sempre estar presente junto às outras qualidades. Um exemplo simples que ele apresentou foi a coragem para superar as saias-justas que ocorrem durante transmissões ao vivo fora de estúdio.

No entanto, o principal exemplo que ilustra bem todas as qualidades destacadas foi a reportagem que ele fez sobre o dia em a tocha olímpica passou pelo Brasil em 2004, pela primeira vez na história. Um dia inteiro com a tocha passando de mão em mão entre alguns dos principais atletas do país, artistas e outras personalidades. Ao fim do dia, Tadeu tinha de fazer uma reportagem para o “Bom Dia Brasil”, que passa às 7h30 da manhã. Eram 20 fitas com gravações do passeio da tocha. Que tempo ele teria para fazer essa matéria? A madrugada. E assim o fez. Uma belíssima matéria com pouco mais de 2 min de duração, digna de Tadeu Schmidt. Orgulho dele.

Oscar Schmidt sempre diz: “Mão Santa? Que nada, é mão treinada!”. A conversa de Tadeu Schmidt segue essa tendência de humanizar aquilo que faz, e convence de que é possível para qualquer um se destacar dentro dos segmentos que pertence, não é fácil, mas depende mais do esforço próprio do que qualquer outro fator.

Mesmo após a lição, foi possível ver jornalistas tocantinenses na sala de imprensa fazendo perguntas do tipo “qual é o segredo?”, como se ele fosse o Mister M e pudesse ensinar seus truques a eles. As atrações passadas do Salão do Livro, Cordel do Fogo Encantado e Teatro Mágico, responderiam melhor esta pergunta com a célebre frase: “Isso não se ensina, seu bosta!”.