29 de janeiro de 2010

Exame Nacional do Ensino Médio

vest

- Agora ficou bem mais fácil.

Em tempos de nova ortografia

ideia

25 de janeiro de 2010

Confesso…

Filho, eu achava clichê quando ouvia os meus pais dizendo isso, mas tenho de repeti-los: eu também já passei por isso que você está passando. Nunca fui dos mais supersticiosos, mas a chegada do ano de 2010 me encheu de planos e boas esperanças para torná-los realidade. Nessa época eu tinha apenas 20 anos e estava na faculdade de jornalismo morando em Palmas, a jovem capital do Tocantins. A ansiosa da sua mãe e eu já discutíamos com antecedência qual seria o seu nome caso você fosse menino ou menina, e sei que é difícil de acreditar, mas sua avó não era comigo essa doçura toda que hoje ela é contigo.

Após as divertidas e ao mesmo tempo entediantes festas de fim de ano em 2009 com aquele lado folgado da família, o ano seguinte começou com pressa. Eu e mais dois amigos, Ciro e Pablo, nos apressávamos para terminar uma reportagem que havíamos feito com desabrigados que haviam sido despejados pela Prefeitura local dias após o Natal e às vésperas de ano novo. Parecia até presente de grego. Nós tínhamos um blog, que além de servir como plataforma de informação cultural, também era uma espécie de confessionário aberto para o mundo a qualquer hora do dia.



Em meio a essas tarefas, eu aproveitava o recesso do meu estágio em uma agência de publicidade para curtir um pouco do nada que tinha pra fazer na cidade. Enquanto alguns amigos da faculdade voltavam às suas cidades de origem, outros amigos dos tempos de escola, e que faziam faculdade fora, também voltavam à Palmas.

No dia 6 de janeiro, o carro da sua vó, um Siena branco, estava encostado na garagem, e eu o peguei para dar uma passada nas casas dos seus tios Frauda e Frederico. Após convencer os dois, fomos almoçar juntos com sua mãe na casa em que eu morava com a sua vó. Relembramos bobagens ditas e mal-entendidos dos tempos de adolescente ingênuo e retardado. Pela tarde, minha mãe me entregou 500 reais e só queria que eu pagasse o IPVA do carro, e depois estaria liberado para me divertir com meus amigos. Após uma rápida passada no DETRAN, descobrimos que o sistema estava fora do ar, e adiei esse compromisso para o dia seguinte. Visitamos nosso amigo Renan para pegar um jogo de futebol para Playstation e seguimos para jogar na casa do Fred.

Acho que mal tínhamos jogado uma partida, e a campainha tocou. Um mulher que havia parado o carro por perto perguntou se o carro branco em frente a casa era de um de nós. Já esperava que alguém, talvez ela mesma, tivesse batido no carro. Quando fui verificar, para a minha surpresa foi pior do que eu esperava. O vidro de uma das janelas traseiras estava estilhaçado, e percebi a ausência da minha mochila, companheira por cinco anos e substituta perfeita para a pochete que eu usava até os 15.

Apesar de ter me lembrado de levar o a frentinha do som do carro, não me lembrei de levar para dentro da casa nem a mochila e muito menos o dinheiro. A princípio, entrei em desespero, e já admiti que abriria mão do meu salário no estágio para ressarcir sua avó. Mas para a minha sorte, sei lá porque eu não guardei o dinheiro na mochila, e sim no console localizado na parte da frente do carro. Como a ação do(s) ladrão(ões) foi rápida, ele sequer entrou no carro, levou minha mochila idealizando que houvesse um notebook lá, e não percebeu cinco notas de 100 reais.

Ainda assim, ficou o prejuízo material do vidro quebrado, da mochila e dos meus documentos pessoais, que eram os únicos objetos que eu carregava durante as férias. Mas o lado material sempre é o menos importante em situações que envolvem qualquer tipo de violência. A grande herança que vou levar para o resto da vida é a castração da minha liberdade. Sempre terei a paranoia de onde posso e não posso estacionar o carro, e de carregar comigo qualquer coisa que tenha o mínimo de valor deixado no carro. Mas a vida é assim mesmo filho: a gente começa a morrer desde que nasceu, e embora aconteçam coisas desagradáveis em nosso caminho, pessoas como sua vó, sua mãe, meus amigos, e principalmente você, fazem qualquer coisa negativa ser apenas um grãozinho de areia em um universo de felicidade e satisfação!

21 de janeiro de 2010

6° PMW Rock Festival: surpresas, frustrações e Cachorro Grande

Após a bem-sucedida quinta edição do PMW Rock Festival em junho de 2009, a edição seguinte foi anunciada como surpresa para o segundo semestre, e contava com muitos artifícios para ser o maior sucesso dentre todos os festivais de rock realizados no Tocantins. Através de contatos políticos, os organizadores conseguiram obter recursos do Ministério da Cultura para bancar três dias de evento com entrada franca. Inicialmente, a programação prevista para outubro, e depois para novembro, incluía uma série de novos nomes locais, atrações que já fazem parte da história do rock brasileiro como Cachorro Grande (RS), e o ex-vocalista do Replicantes, Wander Wildner (RS), e aspirantes como Black Drawing Chalks (GO) e Ecos Falsos (SP).

No entanto, devido a processos burocráticos na liberação da verba, o evento só pôde ser confirmado uma semana antes para acontecer entre os dias 17 e 19 de dezembro, período em que a cidade sofre um esvaziamento principalmente por contas das férias letivas na UFT. Mesmo assim, quem ficou para o festival compreendeu que o festival filiado a ABRAFIN – Associação Brasileira dos Festivais Independentes, dependia das ações do MinC.

O festival deixou a desejar em uma de suas grandes qualidades, que é o intercâmbio entre bandas locais e de fora. Quando o evento foi adiado para dezembro esperava-se que alguns nomes pudessem ser cancelados devido a conflitos de agenda e coisas do tipo. Porém, foram dez bandas que ficaram de fora da programação final sem qualquer substituição: Wander Wildner (RS), Ecos Falsos (SP), Black Drawing Chalks (GO), Magaivers (PR), Hierofante Púrpura (SP), Irmãos da Bailarina (BA), Lost in Hate (DF), Meros-Berros (Miracema) e Prozac (Araguaína) e Véi É Tu (Palmas).

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Quinta-feira – 17 de dezembro de 2009

A noite mais regular do festival foi a primeira, quando em plena quinta-feira tocaram para um Tendencies Music Bar lotado as bandas Herdeiros & Reis, Caixa de Marimbondo e Engenho Novo. Os três grupos palmenses se caracterizaram por shows redondos, bons músicos e vocalistas com boas presenças de palco. Foi a noite do rock para adultos e comportados. Herdeiros & Reis ainda é um projeto, mas na escassez de bons músicos que vive a cena palmense, já pode ser observada como uma boa promessa. Caixa de Marimbondo é uma banda de qualidade liderada despretensiosamente pelo vocalista Aluízio Cavalcante.

O Engenho Novo é um caso a parte. Os caras tem pouco mais de um ano de banda, já gravaram cinco músicas e lançaram um bom clipe. No primeiro semestre do ano foram ao céu quando tocaram no Festival de Inverno de Taquarussu para mais de 10 mil pessoas, e ao inferno em uma apresentação pouco inspirada no 5° PMW Rock Festival. Em julho o baixista saiu para cursar música em São Paulo. Foi a deixa perfeita para se trancar no estúdio de ensaio e se rearranjar com o novo integrante. Esses meses até o 6° PMW foram de muita ansiedade para bastante gente, inclusive eu que esperava ver a nova cara da banda. Pelo show que fizeram, valeu muito a pena todo esse tempo se preparando antes de voltar aos palcos. O vocalista Diego deixou o violão de lado e parece mais a vontade para interagir com o público, além de agora cantar com mais identidade vocal. Aliás, o guitarrista Guido, que também era vocalista em sua primeira banda – Jargões - agora também faz os backing vocals em algumas músicas durante o show. Com um pouco mais de experiência do que os outros integrantes, a entrada do Tadeu no baixo e sintetizador parece ter dado mais segurança à banda, que eliminou do repertório quase todas suas músicas-piadas, e apresentou algumas novidades, com destaque para a canção Eremita, que pode ser ouvida aqui.

Sexta-feira – 18 de dezembro de 2009

Na segunda noite, o tradicional atraso palmense foi respeitado e os shows começaram 1h30m depois do previsto com a banda Orange. A partir daí é que pesou a ausência de algumas das bandas mais experientes que ficaram de fora da programação final, inclusive a Boddah Diciro (Palmas), que nem foi convidada para o festival.

O PMW Rock Festival não é festival de pequeno porte, e pertence ao famigerado calendário da ABRAFIN. Muitas bandas pelo país inteiro tem o interesse em participar de festivais como este. Além do corte de bandas, o festival saiu desvalorizado também pelo despreparo de algumas bandas que parecem ter encarado o festival como um ensaio aberto com som profissional. Orange na sexta, e Criticos Loucos e a Baba de Mumm Ra no sábado ficaram devendo alguns ensaios antes de se apresentar ao público.

Por outro lado, os estreantes do festival Poetas do Caos, da cidade vizinha Paraíso, destacaram-se com um show animado, e com o diferencial de conseguirem transmitir o quanto estavam com tesão de tocar no PMW. As performances dos quatro integrantes somadas ao rock and roll com pegada punk foi empolgante, principalmente por estarem em dia com os ensaios. O vocalista Cláudio Macagi já anunciou que estão prestes a gravar algumas músicas. O rock tocantinense agradece!

Koff Koff Buu é o novo projeto do Porkão. Menos rock e mais eletrônica. É mais uma ambição dele, provavelmente inspirada nos Pecadores e no Nahtaivel. Porém, apesar de bem-intencionada, a banda pegou desprevenido quem esperava uma performance bem humorada como costumam ser os espetáculos da Baba. Esse foi o primeiro contato do público com a nova banda, e por isso houve certa frieza por parte do público. Talvez fosse melhor testar a banda ao vivo em um evento menor antes.

Mata-Burro cometeu o atentado sonoro de sempre quando tudo está (ou parece) bem entre a banda. Foi papo de bêbado para bêbado adolescente. Quem gostou, entrou na roda, quem não gostou foi tentar ficar bêbado também.

A banda brasiliense Besouro do Rabo Branco teria se saído melhor se tivesse tocado na noite anterior, com palco menor e público semelhante. A banda era boa, o som era poderoso, mas por serem alternativos demais, dessa vez era o público que não estava preparado para a banda, e formou-se um vácuo constrangedor entre o público e o palco, por onde desfilava o vocalista de saias e uma garrafa de vinho tão companheira quanto o microfone em suas mãos. Ainda se despediram com dois bons covers de Cazuza e Sidney Magal.

Com status de headliner da noite, o La Cecilia cumpriu bem a tarefa. De cara, o vocalista Glauber Benfica já chamou todo mundo para perto do palco, e foi atendido prontamente. Isso indicou que para muitos ali, o reggae da banda era realmente o som mais aguardado da noite. Méritos para os músicos que evoluíram mais que qualquer outra banda local nos últimos meses. Faz tempo que eles deixaram de ser a banda do Zanzi Bar ou de Taquaruçu, e eles se profissionalizaram com ensaios mais freqüentes, o que contribuiu para incorporarem o rock e o ska ao som deles com muita eficiência. Eles romperam os limites do reggae roots e conquistaram a simpatia dos roqueiros que viravam o nariz para suas apresentações. O PMW Rock Festival coroou o ano da banda.

Sábado – 19 de dezembro de 2009

Na noite mais esperada do evento, cometi o erro de acreditar que a organização repetiria o atraso da noite anterior. Com isso, cheguei ao estacionamento do Espaço Cultural às 22hs e perdi o show da banda miracemense de hardcore Mohanna, e peguei o show da banda promessa de Gurupi, o Super Noise, já na penúltima música, e diante de menos de 100 pessoas. Já havia visto as duas bandas tocarem em suas cidades de origem, e era a primeira vez delas em Palmas. Acredito que ambas merecem um pouco mais de atenção dos produtores de rock, especialmente o Super Noise que tem composições acima da média.

Com certa demora, sobe aos palcos a nova banda do Alan, que ainda carrega o nome e o repertório do Criticos Loucos, banda que fez história no rock tocantinense principalmente entre os anos de 2007 e 2009. Desde que a banda acabou no Agosto de Rock de 2009, o vocalista Alan tenta recomeçar agora já com a segunda formação, mantendo o atual guitarrista Igor, arriscando ninguém no baixo, e com a entrada do produtor do premiado clipe de Carta aos 26, Caio Trade na bateria. Infelizmente, a apresentação mostrou o que não devia: a banda perdeu o groove que lhe era característico, perdeu a direção na identidade sonora e terão que se reinventar através de muitos ensaios e criatividade para repor as atuais limitações técnicas.

A Baba de Mumm Ra nunca foi das bandas palmenses que mais gostam de ensaiar, e a logística também não contribuía já que o ex-guitarrista Marcão mora em Araguaína, a mais de 350 km da capital. Mas a diversão garantida nos shows sempre compensou outras deficiências. Desta vez foi diferente, mesmo com uma nova encenação teatral. O novo guitarrista Elton (Vertikal) mora em Palmas, mas a rotina de trabalho do baterista bombeiro continua dificultando os ensaios, e com pouco entrosamento, o show foi recheado de longas pausas (broxantes) entre as músicas, além de protestos anti-tecnologia com direito a destruição de aparelho de DVD e microfone.

Capelinos é quase um super-grupo com os integrantes do La Cecília, Abel e Glauber na guitarra e baixo, respectivamente, e o ex-componente da banda goiana Mechanics, Jaime na bateria. Donos de um release muito animador, e com um cardápio de referências que vai de Inocentes a Queens of the Stone Age, eles confessaram durante o show que marcou a estreia nos palcos, que foram convencidos a formar a banda dois meses antes, a pedido de um dos organizadores do festival, Gustavo Andrade. O show, que ainda teve a participação do vocalista Marcelo Linares (Herdeiros & Reis), revelou uma banda ainda crua, mas com a proposta de se fazer rock n roll pesado e rápido, importando um som que até então não era representado por nenhuma banda local.

A banda seguinte foi a segunda atração vinda de fora do estado, mas ainda desconhecida por aqui. Os goianos do Sattva fizeram um show muito técnico, e que superou em muito todas as apresentações da noite. Com boa presença de palco dos músicos e principalmente do vocalista, eles conquistaram os fãs de música pesada, principalmente do novo metal.

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Passado algum tempo, beirando às 4hs da manhã chegou o momento do grande nome do 6° PMW Rock Festival: o Cachorro Grande. Os adolescentes se apertaram na frente do palco, uma moçada esperta acendeu suas bombas, os casais se abraçaram mais forte e os bêbados beberam mais para subir e se jogar do palco sem medo dos seguranças. Os gaúchos vinham pela segunda vez à Palmas sob uma atmosfera de desconfiança de quem havia visto a frígida primeira apresentação em 2008. A história não se repetiu desta vez, e melhor que isso, fizeram um dos melhores shows de 2009 na capital. O Cachorro Grande se divertiu muito no palco com brincadeiras e xingamentos entre os integrantes, performances à la Pete Townshend do guitarrista Marcelo Gross, e sumiços do vocalista Beto Bruno, que voltava mais bêbado ao palco e fagando engogado. O repertório passou por todas as fases da banda, e teve quase todos os novos e velhos hits como Hey Amigo, Dia Perfeito, Que Loucura, Bom Brasileiro, Você não Sabe o que Perdeu e Dance Agora, com direito a cover de My Generation (The Who) e o encerramento com as músicas mais roqueiras do início da carreira: Sexperienced e Lunático. Esse show sim é de dar saudades!

Em um festival de altos e baixos, reflexo do que foi o ano de 2009 para o rock tocantinense, assim terminou mais uma edição do PMW Rock Festival.

Fotos por Apoena Rezende
Texto por Daniel Bauducco